Quem critica o Congresso que está aí e afirma que é o pior de todos os tempos, esquece-se de que votar contra os desejos da população (como no caso da absolvição dos mensaleiros) não é uma exclusividade desta leva.
No dia 25 de abril de 1984, há exatos 22 anos, a Câmara dos Deputados rejeitou a emenda das Diretas-Já, que restabelecia as eleições diretas no país, após a ditadura.
Na votação, a emenda venceu de goleada: foram 298 votos a favor e apenas 65 contra. Mas faltaram 22 votos para que se atingisse o quorum de dois terços exigido para alterações da Constituição.
A discussão para votação da emenda começou às nove da manhã. Mas o resultado só foi divulgado na madrugada do dia seguinte. Era uma estratégia combinada entre os deputados para evitar que o povo, concentrado em manifestações por todo o país, despejasse sua frustração nas ruas.
Pesquisa do Instituto Gallup em janeiro daquele ano mostrara que 81% dos brasileiros apoiavam as diretas já e apenas 10% eram contra. Quem não viveu aquele período pode imaginar a imensa frustração que tomou conta do país.
Depois vieram as diretas, e, presidente após presidente, sentimos a sensação de que tudo vai mudar, como naqueles dias, e em seguida a mesma frustração.
Por isso, hoje o desânimo parece geral. Muitos pregando o voto nulo, descrentes de que um Brasil diferente seja possível.
Para esses, encerro com este trecho, que retirei de um artigo do poeta Ferreira Gullar. Ele estava clandestino em Moscou, no auge da ditadura, enfrentando o inverno russo de 18 graus abaixo de zero. O dia começava tarde, a noite chegava cedo...
"Mas foi em abril, quando os primeiros brotos surgiram nos galhos ressequidos pelo frio, que voltei a sorrir. E não demorou muito até que me deparasse, certa manhã, com a rua toda verde - árvores, jardins, canteiros - de um verde virente, novinho em folha. Era a primavera que chegava a ensinar-me que a vida é um eterno renascer. Aqui no Brasil, país da eterna primavera, mal nos damos conta disso. Claro que o sabemos, mas saber é diferente de viver. Essa notícia de que o inverno acaba, a tristeza acaba e o verde volta a sorrir foi o inverno russo que me sussurrou ao ouvido, naquele abril de 1972."
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No dia 25 de abril de 1984, há exatos 22 anos, a Câmara dos Deputados rejeitou a emenda das Diretas-Já, que restabelecia as eleições diretas no país, após a ditadura.
Na votação, a emenda venceu de goleada: foram 298 votos a favor e apenas 65 contra. Mas faltaram 22 votos para que se atingisse o quorum de dois terços exigido para alterações da Constituição.
A discussão para votação da emenda começou às nove da manhã. Mas o resultado só foi divulgado na madrugada do dia seguinte. Era uma estratégia combinada entre os deputados para evitar que o povo, concentrado em manifestações por todo o país, despejasse sua frustração nas ruas.
Pesquisa do Instituto Gallup em janeiro daquele ano mostrara que 81% dos brasileiros apoiavam as diretas já e apenas 10% eram contra. Quem não viveu aquele período pode imaginar a imensa frustração que tomou conta do país.
Depois vieram as diretas, e, presidente após presidente, sentimos a sensação de que tudo vai mudar, como naqueles dias, e em seguida a mesma frustração.
Por isso, hoje o desânimo parece geral. Muitos pregando o voto nulo, descrentes de que um Brasil diferente seja possível.
Para esses, encerro com este trecho, que retirei de um artigo do poeta Ferreira Gullar. Ele estava clandestino em Moscou, no auge da ditadura, enfrentando o inverno russo de 18 graus abaixo de zero. O dia começava tarde, a noite chegava cedo...
"Mas foi em abril, quando os primeiros brotos surgiram nos galhos ressequidos pelo frio, que voltei a sorrir. E não demorou muito até que me deparasse, certa manhã, com a rua toda verde - árvores, jardins, canteiros - de um verde virente, novinho em folha. Era a primavera que chegava a ensinar-me que a vida é um eterno renascer. Aqui no Brasil, país da eterna primavera, mal nos damos conta disso. Claro que o sabemos, mas saber é diferente de viver. Essa notícia de que o inverno acaba, a tristeza acaba e o verde volta a sorrir foi o inverno russo que me sussurrou ao ouvido, naquele abril de 1972."
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