As Organizações Globo acusaram o golpe e já começaram a botar o bloco na rua contra a possível nomeação do jornalista Franklin Martins para o comando da Secom, da Radiobrás e do novo canal de TV público.
Como não têm como impedir a nomeação do desafeto, que foi demitido da emissora do Jardim Botânico no meio da campanha presidencial do ano passado, as Organizações Globo vão tentar comer o mingau da desestabilização de Franklin pelas beiradas, tirando uma bela colherada do poder dele aqui, outra ali.
Só que tudo na cabeça dos Marinho é grandioso, e eles partiram com apetite, tentando dividir ao meio o provável poder de Franklin. Ou bem ele fica com as emissoras (o mal menor) ou bem fica com a Secom (o maior). Com as duas, não dá. Pelo menos é o que deixaram claro num box de Opinião publicado ontem na página 8 de O Globo.
O presidente Lula planejaria juntar, na Secretaria de Comunicação, o trabalho de contato com a imprensa — que já é feito — com o guichê de publicidade do Executivo.
O secretário, possivelmente com novo status, agora de ministro, atuaria em duas frentes nas empresas de comunicação: daria informações à redação e veicularia anúncios junto ao departamento comercial, pagando por eles.
É péssima solução. Pois as boas práticas recomendam que dinheiro e notícia mantenham uma grande e visível distância profilática. Por isso, os anúncios são separados do noticiário em qualquer veículo de imprensa.
O governo não deve se deixar acusar de pagar pela publicação das notícias de seu interesse, nem a imprensa séria aceita se sujeitar a situações em que possam se misturar dois mundos tão diferentes. O presidente precisa refletir melhor sobre a sua política de comunicação.