A Igreja Católica contra a camisinha

É um caso de camisa. Mas de camisa-de-força. Embora a Aids continue crescendo em todo o mundo. Embora esteja mais do que provado que o melhor remédio contra a Aids é a informação, seguida da prevenção. E que a melhor medida preventiva é o uso do preservativo. Mesmo assim a Igreja Católica continua pregando contra a camisinha. É mole? Não, é duro.

A pergunta que faço é:

- A medida também se aplica aos padres pedófilos?

Cristo, o que é que é isto?

Bento, assim eu não agüento.


Artigo de Dráuzio Varela


A esse respeito o médico Dráulio Varela escreveu um contundente artigo hoje na Folha. Ele critica a opinião da Igreja e diz o porquê:

A força da oposição obstinada da Igreja Católica à distribuição farta e gratuita de preservativos não está absolutamente em sua influência moral ou religiosa sobre seus fiéis, cada vez mais raros e restritos às idades em que a atividade sexual se torna bissexta. O poder dos religiosos está em intimidar os políticos brasileiros.
De que forma? Faça a experiência de visitar um posto de saúde numa cidade qualquer. Pergunte se existe no município alguma estratégia de distribuição de camisinhas. Nos postos em que elas estiverem disponíveis, você ouvirá que são entregues aos que forem buscá-las.
Por que as autoridades fazem corpo mole na hora de fazer a camisinha chegar às mãos dos usuários que mais necessitam dela: os mais pobres, os mais jovens, os que moram mais longe, os usuários de droga, as mulheres que vendem o corpo?
Por uma única razão: os políticos fogem do confronto com a Igreja Católica como o diabo da cruz. Só por causa da distribuição, o prefeito vai se indispor com o bispo? Mesmo que o padre da cidade discorde da orientação dada por seus superiores, como acontece com muitos religiosos sensíveis às agruras das comunidades em que atuam, que força terá para subverter a hierarquia da Igreja?