A Comissão de Valores Imobiliários (CVM) investiga a existência de vazamento na venda do grupo Ipiranga ao consórcio formado por Petrobras, Ultra e Braskem. Suspeita-se de que pessoas tiveram acesso a informações privilegiadas e lucraram bastante com elas.
O negócio da compra do Ipiranga foi fechado na madrugada de domingo para segunda, mas na sexta-feira da semana passada houve alta de 33,33% na cotação das ações ordinárias (com direito a voto) da Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga e de 8,31% nas ações ordinárias da Refinaria de Petróleo Ipiranga.
Há suspeita de que até 100 pessoas estariam envolvidas no trambique.
Mas essa não será essa a primeira vez que se suspeita de vazamento, aqui no Brasil. Há por exemplo, o caso do Banco Santos, que já postei aqui e republico.
A grande sacada de Sarney
Logo após a intervenção no Banco Santos, em 12 de novembro de 2004, uma boataria correu o mercado. Algumas pessoas foram informadas de que a intervenção aconteceria e sacaram seu dinheiro, um dia antes da intervenção. Entre os acusados, destaque para o ex-presidente e atual senador pelo PMDB (AP) José Sarney.
Alguns dias depois, segundo reportagem de Fernando Rodrigues na Folha, o ex-presidente Sarney confirmou o saque e, em rápida entrevista por telefone, declarou que foi ele quem deu a ordem para que fosse efetivado: “Eu dei a ordem para movimentar na quinta-feira”. Ainda na mesma reportagem, é reproduzida uma nota de Sarney: - “Eu, como centena de correntistas, em face dos rumores publicados na imprensa e existentes na praça sobre o Banco Santos, transferi meus depósitos, produtos da venda da minha fazenda Pericumã, para o Banco do Brasil, depósitos estes constantes da minha declaração de Imposto de Renda, há dois anos.”
Curiosamente - sempre segundo a mesma reportagem - na mesma quinta-feira, dia 11 de novembro de 2004, quando mandou sacar todo o dinheiro que tinha no Banco Santos, Sarney recebeu uma visita fora da agenda do…dono do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira.
Este mesmo Edemar Cid Ferreira, sete meses após a intervenção, em junho de 2005, deu uma entrevista à revista Veja e explicou como ocorreu o saque na conta de Sarney e quem o ordenou: “Sarney nunca me pediu para retirar o dinheiro do banco. Eu que o fiz. Quando cheguei na quinta-feira de manhã ao banco (um dia antes da intervenção), a primeira coisa que falei foi: Peça para transferir o dinheiro que o Sarney tem para a conta dele no Banco do Brasil.”
Há aí um claro conflito de declarações. No entanto, como acontece com várias outras denúncias, essa também não deu