Um leitor me enviou por e-mail um link para uma postagem do jornalista Luiz Weis, ainda sobre o rabino Sobel. Vale uma lida na íntegra da postagem. Ela comenta uma medida editorial da Folha, ao mesmo tempo em que dá uma nova visão da real participação do rabino no enterro de Vladimir Herzog.
O texto a seguir é de outro jornalista, Rubens Glasberg:
Sobre Sobel, nesse episódio, pode-se hoje seguramente dizer o seguinte:
1) Nem ele e nenhum outro rabino estiveram no velório e no enterro. D. Paulo Evaristo foi ao velório e manifestou surpresa pela ausência de um rabino.
2) Houve pressões para que o cardeal não organizasse depois o culto ecumênico na Sé. O rabino Sobel, segundo testemunhas, estava entre os que não queriam a cerimônia pública.
3) O culto ecumênico saiu pelo empenho e determinação do cardeal.
4) O rabino Sobel acabou comparecendo ao ato (o que, sem dúvida, foi prova de coragem) e lá fez seu nome no Brasil e ganhou notoriedade internacional.
5) Apesar de procurado depois pelos advogados da família Herzog, ele não prestou depoimento no processo movido contra a União.
Quero ressaltar que o comportamento do rabino e dos demais líderes da comunidade judaica na época não diferiram em nada do comportamento do resto da sociedade brasileira. Todos tinham medo, muito medo. Médicos não-judeus que viram o corpo de Vlado também calaram. Vale lembrar ainda que muitos brasileiros originários da comunidade judaica foram assassinados na luta contra a ditadura ou perderam preciosos anos de sua juventude na prisão e no exílio.
Ainda falta uma explicação objetiva: por que Herzog não foi enterrado na área reservada aos suicidas? Autorizar o enterro em outro local – como aconteceu – significava bater de frente com a versão de suicídio espalhada pela ditadura. Não deve ter sido uma decisão fácil. Nem de terceiro escalão.