Depois de ficar conhecida na CPI dos Correios como a “cafetina Jeany”, Jeany Mary Corner viu seu negócio – que ela chama de “entretenimento de luxo de Brasília” – rolar ladeira abaixo. Como esse tipo de negócio só costuma florescer à sombra, a senhora Corner, em reportagem de O Globo, lamenta que tenha sido jogada para escanteio:
— Meu negócio precisava de discrição. Depois que fui para os holofotes, todo mundo fugiu. Os amigos do passado, que me ligavam de madrugada, sumiram. As pessoas têm medo de meu telefone estar grampeado.
Contraditoriamente, Corner diz que estuda propostas para lançar um livro contando tudo.
Já nos Estados Unidos, uma colega de profissão de Jeany Corner, Deborah Jeane Palfrey, entregou os nomes de seus distintos clientes à Rede de Televisão ABC, que promete uma entrevista explosiva com ela nesta próxima sexta-feira.
Essa revelação já causou a primeira vítima: Randall Tobias, diretor da Agência Estadounidense para o Desenvolvimento Internacional (USAID) pediu demissão do cargo alegando razões pessoais. Tobias trabalhava em programas para ajudar a combater a Aids na África e pregava a abstinência sexual e o combate à prostituição como duas das mais importantes armas para enfrentar o mal.
Mas bastou Palfrey entregar a lista à Rede ABC para ele entregar o pedido de demissão e explicar-se à imprensa:
— "As garotas vinham a meu andar apenas para me dar massagens. Não teve sexo", disse.
Palfrey vive num lugar muito coincidentemente chamado Escondido, na Califórnia, e é acusada de comandar uma casa com mais de 100 prostitutas de luxo para servir aos políticos de Washington, o que lhe teria rendido dois milhões de dólares.
Enquanto a americana joga no ventilador aquilo que os atores se desejam antes dos espetáculos, a brasileira até o momento parece respeitar as regras da profissão. Corner diz que nunca trabalhou com prostitutas, mas com recepcionistas de luxo.
Vamos ver qual será o primeiro político brasileiro a dizer que a menina foi até seu quarto apenas para recepcioná-lo. Sem sexo.