A empregada doméstica Sirlei Dias de Carvalho Pinto tem aplicado a seus agressores uma lição de moral, de que dificilmente irão se esquecer. Lúcida, magoada e ofendida, mas sem rancor, a superioridade moral de Sirlei esmaga ainda mais o quinteto sádico que a agrediu brutal e covardemente no final de semana passado, aqui no Rio.
Ela deu nova prova disso em suas declarações de ontem, quando retirou os holofotes de sua cabeça e os colocou no motorista de táxi que, com sua atitude, tornou possível a identificação e a prisão dos jovens. Sirlei fez o que a mídia (com a honrosa exceção deste blog) não havia feito até ali: manifestou seu reconhecimento e gratidão ao taxista:
"Queria agradecer o taxista, ele foi um herói, naquele momento. Eu não estou vendo ele, mas ele está me vendo e quero agradecer. Ele me tratou como se trata de uma filha. Ele já é como se fosse da minha família. ele foi um pai para mim, um herói. Se não fosse ele, eu não estaria aqui. Depois que isso tudo passar, quero conhecê-lo", disse Sirlei.
Como se não bastasse, Sirlei ainda lançou um olhar generoso sobre os pais de seus agressores:
"Ainda sinto medo, muito medo. Sei que eles estão presos, mas sinto como se eles ainda estivessem na rua. Quero que os jovens olhem isso, parem e pensem para que a gente tenha uma sociedade mais tranqüila para que os pais não sofram tanto quanto os pais desses jovens estão sofrendo."
A empregada doméstica e o motorista de táxi são duas pessoas que entraram em nossas vidas numa circunstância trágica para mostrar como pode ser melhor nosso estado, nosso país, se seguirmos as lições de cidadania que eles estão nos dando.
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