Padres cometem ‘pecados sexuais’ com a proteção da Igreja

A vida sexual dos padres continua movimentada. Pelo menos em Roma. É o que informa reportagem da BBC. Sete padres foram acusados de escândalos sexuais, em diferentes partes da Itália, nos últimos tempos. Alguns deles acusados de violência sexual grave e contínua.

Entres os assanhados há um padre de 82 anos, Dom Pierino Gelmini, fundador da comunidade Incontro, que atende jovens dependentes de drogas. Ele está sendo investigado há mais de um ano por violência sexual.

Tudo isso continua a ocorrer, porque o atual papa Bento XVI, na época em que era apenas o Kamel do Vaticano, foi durante mais de 20 anos o homem encarregado de zelar pela obediência aos termos de um documento, escrito em 1962 e distribuído a bispos do mundo inteiro, com a recomendação de que fosse guardado a sete chaves. O documento - Crimen Sollicitationis (latim para Crime da Solicitação) - impõe um juramento em que a vítima [de abuso sexual], o acusado e eventuais testemunhas se comprometem a manter sigilo absoluto sobre o caso. A quebra do juramento levaria à excomunhão. (clique aqui e acesse o documento, em inglês).

O acobertamento ao crime acaba sendo um estímulo para que ele continue a ser praticado, inclusive no Brasil.


Foto do padre com uma de suas vítimas

Uma reportagem de Alan Rodrigues, publicada na revista Isto É em 16 de novembro de 2005 denunciava o acobertamento que a Igreja Católica Apostólica Romana faz dos crimes de pedofilia praticados por sacerdotes.

A reportagem não só dava nome aos bois, como publicou até fotos de alguns deles (como a reproduzida acima). Aliás, segundo a reportagem, o padre da foto aprontava atrás da sacristia:

Depois de cinco meses como auxiliar do padre Édson Alves dos Santos, 64 anos, V.R.D. revelou à sua avó, dona Iraci Teixeira, professora de catequese há 20 anos, tudo o que acontecia atrás da sacristia. “O padre faz comigo igual o homem faz com a mulher”, relatou. “Ele tira minha roupa, levanta a batina, me coloca no colo, fala para eu ficar tranqüilo e diz que aquilo é a prática da penetração”, contou o garoto. A avó, estarrecida com o que ouvira, comunicou o relato a Patrícia [mãe do menino], que imediatamente o levou ao médico e à polícia. Todos os exames confirmaram: V.R.D. foi vítima de abusos sexuais.

Segundo um documento a que a reportagem teve acesso, a situação é grave:

(...)...cerca de 1,7 mil padres – 10% do total – no País estão envolvidos em casos de má conduta sexual, o que inclui abuso sexual contra crianças e também contra mulheres. A pesquisa revela ainda que cerca de 50% dos padres não mantêm o voto de castidade. Nos últimos três anos, a pedofilia no interior da Igreja Católica no Brasil já remeteu mais de 200 padres para clínicas psicológicas da própria instituição. O problema é que a hierarquia eclesiástica brasileira, ao contrário do que aconteceu nos EUA – que abriu seus arquivos secretos à população para identificar, auxiliar e reparar as vítimas –, prefere manter a política do silêncio. Com isso, abafam as denúncias e protegem os agressores, tudo em nome de uma lei que não é a dos homens de bem.

Na reportagem também é citado o padre Tarcísio Tadeu Sprícigo. Tão certo da impunidade, o padre Tarcísio chegou a escrever um manual do pedófilo, apreendido pela polícia, e que você pode ver clicando aqui. A Igreja tratou de afastá-lo da paróquia onde estava, em Agudos, SP, e o enviou para Goiás. Lá, o padre voltou a praticar a pedofilia, acabou preso e virou personagem do documentário “Sex crimes and the Vatican”. No Brasil, o caso caiu no esquecimento.

Sexo, crimes e Vaticano (Sex crimes and the Vatican): um documentário da BBC

Não deixe de ver este documentário de quase 40 minutos exibido pela BBC em 1° de outubro de 2006. É devastador. Conta histórias de padres pedófilos (inclusive um brasileiro) e do acobertamento dos crimes feito pela Igreja Católica Apostólica Romana, com um documento – chamado Crimen Sollicitationis - assinado pelo então cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, ameaçando com excomunhão quem denunciasse os padres criminosos.

A BBC já retirou o vídeo do Youtube. A qualquer momento pode fazer o mesmo com este link do Google postado aqui. Na página da BBC que comenta o vídeo, há um link para ele, mas não estava funcionando, nas vezes em que tentei assisti-lo.

Portanto, se este link do Google cair também, por favor, avise-me pelo e-mail aí ao lado, para que eu possa providenciar um caminho alternativo – que, preventivamente, deixei de stand by.





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