Da BBCBrasil:
Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mailAs bolsas de valores na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia vêm registrando quedas tão vertiginosas nos últimos dias que vários bancos centrais tiveram que intervir e injetar liquidez no mercado.
Abaixo, você encontra as respostas às principais dúvidas sobre o nervosismo do mercado registrado nos últimos dias, calcado em temores de uma crise no mercado imobiliário americano, principalmente por causa dos chamados empréstimo de risco ou sub-prime.
Várias empresas importantes no mercado global perderam capital com as quedas nas bolsas nos últimos dias – apenas mais uma das registradas nos últimos tempos.
No entanto, quando o banco francês BNP Paribas decidiu congelar três fundos de investimento por não ter mais certeza do valor deles, cresceram os temores de que outros fundos lastreados por maus devedores viessem à tona.
O que é um empréstimo sub-prime?
Em termos simples, não passa de um empréstimo concedido a pessoas que têm histórico de crédito duvidoso ou não têm como comprovar a renda.
Esse tipo de empréstimo ganhou popularidade na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos nos últimos anos, sob diferentes formas.
Na sua forma mais simples, ele pode ser um empréstimo de baixos valores em dinheiro para pessoas de baixa renda, e cobrado na própria casa do endividado.
Há também as hipotecas sub-prime, ou seja, empréstimos tomados contra a valorização das casas hipotecadas, muitas vezes simplesmente para cobrir despesas com outros empréstimos.
A expressão também pode se referir a hipotecas concedidas a pessoas que seriam rejeitadas por grandes credores por causa de seu histórico de crédito ou situação profissional.
Como isso pode afetar o mercado mundial?
Nos últimos cinco anos, taxas de juros extraordinariamente baixas nos Estados Unidos levaram bancos e outras instituições financeiras a conceder muitos empréstimos sub-prime.
A explicação para isso é que, mesmo que as pessoas não tivessem como saldar as suas dívidas, os bancos recuperariam o seu dinheiro tomando e vendendo imóveis.
Os aumentos de preço no mercado imobiliário amortizariam o impacto para os credores.
Agora, no entanto, os juros subiram e as tomadas de imóveis aumentaram. Com isso, o mercado imobiliário americano entrou em baixa, e vários bancos se encontram em dificuldades por causa dos maus devedores.
Como conseqüência da globalização dos mercados, essas dívidas hipotecárias foram "fatiadas", batizadas de títulos lastreados por hipoteca, e vendidos a instituições financeiras e investidores em todo o mundo.
Agora, ninguém, nem mesmo os bancos centrais, sabem com certeza quanto desses títulos estão lastreados por maus devedores.
Que outras conseqüências essa crise pode ter?
Mesmo que os bancos centrais consigam controlar o pânico no mercado financeiro, parece já ter acontecido uma mudança na percepção de risco no mercado.
Geralmente, quanto mais arriscado o investimento, mais altas as taxas de juros, mas agora, taxas adicionais de "risco" devem ganhar cada vez mais espaço.
Quando potenciais credores ficam com medo de emprestar dinheiro, o movimento natural é uma fuga para investimentos de baixo risco, logo, houve uma corrida para investimentos em títulos do governo americano e em câmbios seguros, como o iene japonês.
Por outro lado, as taxas de juros para empresas menores e governos de países de Terceiro Mundo subiram consideravelmente.
Ao mesmo tempo, praticamente não há mais mercado para as dívidas associadas a hipotecas sub-prime ou a aquisição de empresas financiada principalmente pela compra de grandes dívidas, em vez de dinheiro ou ações.
Isso pode significar que venham a acontecer muito menos compras de empresas do que nos últimos anos, quando grande parte das aquisições foram financiadas por ações de outras empresas privadas que emprestavam dinheiro facilmente.
Isso também pode derrubar o mercado de ações no curto prazo.
Por quanto tempo isso deve se arrastar?
Flutuações nas bolsas são ocorrências normais e não há como prever o grau da queda ou mesmo a duração.
Os mercados registraram altas acentuadas nos últimos 18 meses, e as atuais quedas podem simplesmente levá-los de volta aos níveis anteriores.
Em geral, os lucros das empresas têm sido grandes, e a economia mundial parece estar vivendo um renascimento, principalmente na Europa e no Japão.
No entanto, as bolsas de valores se preocupam com tendências futuras, e o nervosismo atual pode indicar uma suspeita de que os lucros das empresas já tenham atingido o seu auge.