Não é só aqui não. Quarta-feira, as principais emissoras de rádio e TV do México entraram em cadeia nacional para atacar o Senado.
E dessa vez o Renan não tinha nada a ver com isso. O que está acontecendo é o seguinte. Lá, parte da propaganda política é paga (aqui também, mas de outra forma). E o Senado ia votar naquele dia uma lei que simplesmente acaba com a propaganda política paga no rádio e na TV. O que tira milhões de dólares do faturamento da “grande mídia”.
Ela sentiu – e acusou - o duro golpe no bolso. Acontece que a “grande mídia” dá ao próprio bolso nomes pomposos, como democracia e liberdade de expressão. E partiu para o ataque.
Imaginem Globo, SBT, Record, Bandeirantes e as principais emissoras de rádio, em cadeia nacional, no horário nobre, dizendo ao povo que a liberdade de expressão – logo, a democracia - está sendo ameaçada com a medida do Senado, e exigindo a criação de um plebiscito. Ou seja, em cadeia nacional fizeram uma rebelião para tentar usurpar o poder de um Senado legitimamente eleito.
No entanto, o tiro saiu pela culatra. As ameaças da mídia uniram ainda mais os senadores, e os líderes dos três principais partidos foram ovacionados, quando reconheceram a culpa dos políticos pelo enorme poder que permitiram que se concentrasse nas mãos da mídia. Ao final, a lei foi aprovada por 110 a 11.
Como se vê, é aquilo que venho afirmando aqui. O comportamento de nossa imprensa não tem nada de exótico, mas, ao contrário, ele se encaixa num movimento maior, a partir dos EUA, que se irradia e reflete não apenas aqui, mas, em maior ou menor grau, pela imprensa de todo o mundo, e tem um de seus casos mais grotescos na imprensa venezuelana.
Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail