Em artigo bombasticamente intitulado Basta! Basta! Basta!, publicado hoje na Folha, Sebastião Luiz Amorim comenta o brutal assassinato dos irmãos Francisco e Josenildo, que ainda foram violentados pelo assassino, Ademir Oliveira do Rosário, conhecido como Maníaco da Cantareira.
Nos parágrafos finais de seu artigo, Amorim direciona seu Basta! Basta! Basta! Aos poderes Executivo e Legislativo. Repare:
É preciso que os nossos legisladores compreendam que o tema segurança pública deve ser tratado com prioridade absoluta.
Um Estado minimamente decente deve conferir garantias a um chefe de família para que possa reencontrar seus filhos quando volta da dura rotina de trabalho. Ou seja, que nem ele, nem sua esposa, nem seus descendentes serão números frios de estatísticas policiais.
Basta de planos emergenciais ou de soluções mirabolantes.
Basta de tentar se omitir.
Basta de discursos histriônicos.
É preciso rapidamente compreender os problemas e ainda mais celeremente encontrar soluções.
Nós, magistrados paulistas, estamos dispostos e disponíveis para fazer parte desse processo de mudança. Conhecemos as dificuldades experimentadas pelas vítimas e pelos familiares, muitas das quais nem sequer são registradas em notas dos jornais, mas que nem por isso são menos dolorosas que as histórias de Neném e de Neto.
Nem uma palavra sobre o poder Judiciário. Aí leio que o autor é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e presidente da Apamagis (Associação Paulista de Magistrados).
É preciso atacar o corporativismo no Judiciário também, senhor Amorim. Por que em seu artigo não é dito que foi uma juíza quem mandou para as ruas o maníaco assassino que violentou e tirou a vida dos irmãos? Por que não diz que a juíza fez isso, contrariando laudo do psiquiatra Charles Kiraly, onde está escrito que Ademir Oliveira do Rosário é um psicopata que não pode sair da cadeia?
Em vez do depoimento emocionado da mãe dos jovens, seu artigo teria mais clareza e profundidade se desvendasse a sentença da juíza que mandou o maníaco para a rua. Como foi escrito, seu artigo não poderia ter como título Basta! Basta! Basta!, mas apenas Basta! Basta! Faltou o terceiro Basta!, e bastaria ele para que o maníaco ainda estivesse preso e os meninos brincando no parque.