Para quem está caindo de pára-quedas, informo: às três da madrugada de sábado passado, PMs bateram na porta aos gritos, exigindo que a abrissem. Entraram, torturaram barbaramente o jovem Carlos Rodrigues Júnior, com mais de trinta choques pelo corpo - que molharam para aumentar o efeito. Enquanto isso, a família escutava da sala os gritos do adolescente, sem poder fazer nada. Isso durou mais de uma hora. Até que o jovem se calou – provavelmente morto – e foi levado pelos policiais. Um crime monstruoso.
O governador de São Paulo, José Serra, afastou os policiais e agora afirma que está em estudo a elaboração de um projeto de lei para garantir indenização à família do adolescente de 15 anos morto em Bauru, a 343 km de São Paulo, no último sábado (15).
Ou seja, em realidade, o governador tucano tomou apenas uma medida, a do afastamento dos policiais. A outra está em estudos. E amanhã o caso completa uma semana. É muito pouco.
O governador deveria, no mínimo, ter demitido o comandante da PM. Ou passa pela cabeça de alguém que seis policiais invadam uma casa, às três da madrugada, para torturar alguém com tais requintes de crueldade, caso essa não seja uma atitude de rotina, sem conseqüências, e que só deu M agora, porque o jovem morreu?
No entanto, nossa “grande imprensa” toca no assunto com luvas de pelica. Não se vê uma indignação semelhante àquela da jovem presa estuprada na cadeia no interior do Pará. Talvez porque lá, a governadora é petista. Em SP, tucano. Mas a infâmia é a mesma. Mesma também a atitude dos governadores, que não tomaram medidas exemplares para mostrar a seus comandados na área de segurança que não toleram, não admitem tortura de forma alguma.
Semelhante à indignação dos hipócritas, que defendem “medidas duras” contra a “bandidagem”, uma “poliça atuante”, criticam “esses defensores de direitos humanos de bandidos”, e depois fingem horror quando fatos como esses ocorrem.
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