Para início de conversa: sou contra a atitude do bispo. Mas daí à baixaria que está sendo usada contra ele vai uma diferença muito grande.
A direita raivosa e sem votos, seus pitblogueiros e racistas de todos os tons é que tratam assim seus adversários.
Não considero o bispo nem sequer um adversário. Assim como não o são vários dos que têm a mesma opinião que o bispo. Leonardo Boff, frei Betto, Paulo Nogueira Batista Jr. O MST. O CIMI.
Dom Cappio pode até ser um suicida à procura de uma causa, mas não é essa a opinião que têm os que acompanham seu trabalho ao lado dos pobres.
Ele pode estar errado nas suas críticas ao projeto da transposição (como eu acho que está) e na forma de combatê-lo, mas daí a usarmos contra ele a baixaria que habitualmente utilizam contra nós, é demais.
Estamos fazendo o jogo do adversário, e a causa de Dom Cappio passou a ser a causa da direita e, portanto, da “grande imprensa”, o que não tem nada a ver com a história do bispo.
Mais espantosa, a meu ver, é a posição da Igreja Católica Apostólica Romana. Defensora intransigente da vida, a ponto de proibir o uso da camisinha e as pesquisas com células-tronco, a Igreja está quietinha, quando deveria condenar a atitude do bispo com a mesma veemência que usa para criticar a camisinha.
A própria CNBB e outros religiosos – talvez diante dos ataques furiosos ao gesto e à pessoa do bispo – estão ficando ao lado da morte, que é aonde a atitude do bispo poderá levá-lo.
Não seria a hora de alguém mostrar a Dom Cappio que sua morte agora só servirá aos verdadeiros adversários daqueles a quem ele quer ajudar? Os pobres e desvalidos têm muitos e poderosos adversários e não podem se dar ao luxo de perder um companheiro que sempre esteve a seu lado, como Dom Cappio.
Bispo, o mundo continua precisando de pessoas que são capazes de dar a própria vida por aquilo que julgue uma boa causa. Pense que você pode estar errado, e, se morrer, somará a esse erro um outro: o de deixar os que necessitam de suas palavras sem a possibilidade de ouvi-las. Os que precisam de sua ajuda sem a possibilidade de recebê-la.
Como São Francisco que o inspira, celebre a vida. A morte já tem muitos defensores.
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