Estudo do professor e vice-presidente da FGV, Marcos Cintra, publicado na Folha (aqui, para assinantes).
Em termos de comparação setorial, o peso da CPMF é de no máximo 2,25% na indústria do café. Segundo alguns críticos do tributo, esse setor deveria reduzir seus preços em torno disso, mas o IPCA mostrou que no caso do café moído houve inflação de 0,16% e, no solúvel, a redução de preços foi de apenas 0,73%.
No setor de eletroeletrônicos, a CPMF tinha custo tributário de 1,74% sobre o faturamento, mas seus preços aumentaram 0,11%;
na indústria automobilística, o tributo pesava 1,69% e houve inflação de 0,26%;
na indústria farmacêutica, o tributo representava 1,49%, mas o IPCA registrou 0,15%. Na área de transportes, que tem peso elevado para os consumidores, a CPMF representava 1,33%, mas os preços aumentaram 0,4%;
e, nos serviços pessoais, em que o ônus do tributo era de 1,31%, os preços cresceram 0,64%.
O fim da CPMF desonerou os bolsos de todos, é verdade. Todos os que movimentavam contas correntes. Mas não foi repassado para os preços, que continuaram subindo. Ou descendo menos do que a retirada do imposto permitiria. O que significa que os empresários embolsaram ainda mais.
Quem vai pagar essa conta? O que não tem conta em banco, o que precisa do governo para lhe oferecer serviços essenciais, especialmente na área da saúde. E o fim da CPMF tirou R$ 40 bi do governo.
Quem comemora o fim da CPMF: os empresários, os sonegadores, os demo-tucanos.