Hoje, Luis Nassif prossegue com seu dossiê Veja com a publicação de mais um capítulo, A imprensa e o estilo Dantas. É a mais importante série sobre os bastidores de um grande veículo de nossa mídia: a mais vendida (e bota vendida nisso) revista brasileira. O dossiê vem sendo revelado aos pouco, há mais de um mês. No entanto, nenhum, grifo nenhum dos jornalões ou das revistas concorrentes de Veja deu uma linha sequer sobre o dossiê.
Por que será? Será que a mídia não se interessa por assuntos da mídia?
Não parece ser isso. Hoje, O Globo publica uma reportagem mostrando que o bispo Macedo pede a seus fiéis que comprem o jornal da Universal (Folha Universal) aos lotes. Toca no assunto como se houvesse alguma irregularidade nisso. O bispo apenas está exortando seus fiéis a comprarem o jornal da Igreja em que acreditam. Qual o problema? Cada um aumenta sua tiragem como pode.
O Globo, por exemplo, está oferecendo agora bichinhos de pelúcia para quem compra sete dias do jornal. Algum problema nisso? Não, mas é o mesmo apelo emocional do bispo Macedo. Este aproveita o enlevo dos fiéis para empurrar seu jornal. O Globo conta com o irresistível apelo dos filhos pequenos (ou eles acham que algum adulto vai comprar O Globo pra ganhar um bichinho de pelúcia?) para empurrar o seu.
O problema é quando O Globo, Folha, Estadão, Época, Isto É escondem de seus leitores – muitos deles também leitores de Veja – a reportagem de Nassif. Quando fazem isso, sonegam informação, matéria-prima do jornalismo e objetivo do consumidor quando adquire um jornal ou revista. É caso para o Procon.
Provavelmente, não tocam no dossiê porque têm medo que seus leitores passem a lê-los também com olhos críticos, procurando ver a quem interessa a publicação – ou a omissão - de tal ou qual notícia. Daí o silêncio, para dizer o mínimo, cúmplice.
Leia também:
» Veja e Grupo Abril usam a mesma tática: o silêncio
» Para dono da Folha, Brasil de Médici é ‘um país onde o ódio não viceja’