Que os sindicatos de jornalistas do Rio e de São Paulo não têm poder algum, é fácil comprovar. Bastar assistir ao descalabro que é diariamente publicado pelos principais veículos para verificar que as Organizações Globo, a Folha, o Estadão e a Abril não estão nem aí para eles. Agridem os parâmetros mínimos da profissão, permitem seu aviltamento (com excesso de horas de trabalho, de atribuições etc) e ainda o xingamento, a ofensa, o achincalhe de colegas por outros – como acontece na Veja.
Segundo o Azenha, antes da negociação salarial, representantes dos jornalistas vão até os patrões para saber o que eles pretendem, e levam depois essa posição para a classe.
Ninguém se insurge nas redações. Só abrem a boca quando perdem o emprego, como o fez Rodrigo Vianna, ao ser demitido da Globo. Soltou o verbo e afirmou que as matérias sobre Serra e o PSDB nas eleições de 2006 eram dirigidas da ilha por Ali Kamel.
Ontem, tivemos a prova de mais uma manifestação do desrespeito à classe. Roberto Cabrini foi flagrado com papelotes de cocaína em São Paulo. A notícia foi para a cabeça da primeira página dos principais jornais impressos das Organizações Globo, os mais vendidos, Extra e Diário de São Paulo.
Cabrini estaria ali se ainda fosse repórter da Globo? Claro que não. Foi exposto porque agora está na Record, e a Record está dando uma coça na Globo em São Paulo, quase que diariamente, em vários horários.
Há pouco tempo, o jornal Extra (acho que apenas na internet, não tenho certeza) publicou uma matéria que mostrava o diretor do BBB, Boninho, afirmando que atirava ovos nas “vagabundas” (prostitutas), para se divertir, quando estava em São Paulo.
A Rede Globo de TV se insurgiu contra o Extra e proibiu que seus contratados falassem com o jornal, até que tudo se esclarecesse – ou seja, até que o Extra se comprometesse a nunca mais fazer esse tipo de coisa com uma estrela da TV Globo.
Mas da Record pode. Ou deve. Sob o silêncio cúmplice de seus colegas de profissão, que apenas dizem defender seus empregos. No que eu acredito. Mas, que tal na próxima eleição do sindicato lutar para eleger nomes representativos, que peitem as emissoras?
Dizer que são grupos poderosos, é bobagem. GM, Ford, Volkswagen, Fiat, Mercedes, também o são, e tiveram que negociar olho no olho com um sindicato forte, que teve à frente um certo Luís Inácio, conhecido como Lula, que hoje é presidente do Brasil.
Jornalistas, antes de dormir, adotem como mantra uma citação de Torquato Neto, que dizia:
Levem um homem e um boi ao matadouro. O que berrar primeiro é o homem. Ainda que seja o boi.
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