Em comunicado divulgado esta manhã, o Secretariado das FARC confirma a morte do mais antigo guerrilheiro do planeta, Manuel Marulanda Vélez:
“Con inmenso pesar informamos que nuestro comandante en jefe Manuel Marulanda Vélez, murió el pasado 26 de marzo como consecuencia de un infarto cardíaco, en brazos de su compañera y rodeado de su guardia personal.” [leia a íntegra do comunicado aquí]
Isso é motivo de alegria para a mídia corporativa, que desde ontem estampa pelo mundo a manchete de que a morte de Marulanda (apresentado sempre como “o número um das FARC”) é um duro, talvez fatal, golpe para o grupo guerrilheiro.
Mas a coisa não é bem assim. Se Marulanda era um símbolo de resistência, seu estado de saúde não era lá nenhuma brastemp. Muito pelo contrário. Aos 79 anos, debilitado por uma grave enfermidade (dizem que um câncer de próstata), sua morte era esperada para qualquer momento.
Além do mais, as FARC há muito são comandadas por um colegiado, que, segundo a mesma nota que confirma a morte de Marulanda, já indicou seu substituto e a nova arrumação da cúpula guerrilheira.
Pessoalmente, não partilho desse otimismo midiático, quanto ao fim das FARC. A situação na Colômbia é bastante complicada. Ainda mais depois que o presidente equatoriano, Rafael Correa, já disse que não vai permitir a continuidade da base militar americana instalada naquele país. Sobra a Colômbia, o que vai acirrar ainda mais os ânimos por lá.
O que é uma pena. Como já disse aqui, sou contrário à forma de luta das FARC, gostaria que eles depusessem as armas. Mas sei que eles já fizeram isso há uns anos, com resultados para lá de catastróficos.
Também reconheço que para que isso aconteça os paramilitares deveriam ser presos, julgados e condenados, e o presidente Uribe também deveria perder seu cargo, conseguido mediante a compra de votos para aprovar a emenda que possibilitou sua reeleição (peraí, essa história de compra de votos para emenda da reeleição já conhecemos de outro lugar, não?)...
A meu ver, a esperança para que aconteçam mudanças na Colômbia depende menos das forças em disputa no país e mais da posição que vier a ser assumida pelo próximo presidente americano.
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