Se há uma coisa de que o PT do Rio não gosta é de voto. Se a pessoa tem voto, não tem vez. Nem voz. Se tem vez e voz no partido, pode apostar, não tem voto.
E só essa vocação para não gostar de voto pode explicar o que vem acontecendo com a candidatura à prefeitura do Rio do deputado estadual Alessandro Molon, o incrível candidato que encolheu. Historio:
Por conta dessa paixão pela derrota, entre os possíveis candidatos à prefeitura o PT escolheu, claro, o menos conhecido e com menos chance de votos.
Mas aí o inimaginável ocorreu: o governador do Rio deu de mão beijada a cabeça de chapa para Molon, com um nome do PMDB (partido do governador) como vice.
Em vez de agradecerem a exótica aposta governamental, em que o rabo abanava o cachorro, o PT começou a fazer aquilo de que mais gosta: reuniões em cima de reuniões para discutir o que fazer com o inesperado presente.
Em vez de tomar medidas para tornar o anúncio do governador um fato político e não apenas o anúncio de um fato, o PT pôs a Carolina na janela para ver o tempo passar.
Dentro do partido, havia quem desconfiasse da atitude do governador, que era vista apenas como uma tentativa de agradar o presidente Lula – de quem Cabral é verbadependente. Esses então deveriam agir com mais presteza ainda, tratando de costurar alianças e tornar a chapa PT-PMDB tão forte que o governador não pudesse roer a corda adiante. Mas, nada.
Então, o que era inevitável aconteceu: o PMDB botou o caminhão na rua tocando Tim Maia (“Me dê motivo”), rompeu o acordo e a candidatura de Molon ficou sentada à beira do caminho.
Agora, com a candidatura estacionada não em dois dígitos, mas no dígito dois, o governo federal manda um recado do presidente Lula, que pede que o PT abra mão da candidatura própria, em favor da candidata do PC do B Jandira Feghali.
O partido, pra variar, está dividido, embora a opinião dos que não têm voto seja a de sempre: apoiar a opção do quanto menos voto melhor. E tome reuniões.
Enquanto isso, no mundo real, as coisas acontecem. Por exemplo, o caso envolvendo militares no assassinato de três jovens moradores do morro da Providência.
Os principais candidatos à prefeitura do Rio tomaram atitudes quanto ao fato, exigindo a retirada das tropas do Exército, entrando com medidas no TRE para verificar uso eleitoral das obras pelo senador Crivella etc.
Já o ainda candidato do PT Alessandro Molon, segundo O Globo de hoje (página 12), “disse que o partido vai discutir ainda esta semana quais atitudes deve tomar”.
Pena que quando essa decisão for (se vier a ser) tomada, não terá mais a menor importância, o assunto já estará resolvido e a pauta será outra.
E mais uma vez o tempo passou na janela e só o PT do Rio não viu.
É por isso que a cada eleição o PT do Rio vai diminuindo, diminuindo, diminuindo, diminuindo...
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