Seguindo a voz do dono (afinal, dizem que o Estadão já pertence às Organizações Globo), o Estadão consegue transformar uma minoria de 20,7% em maioria, exatamente como fez ontem O Globo, e denunciei aqui: Para O Globo, vale tudo para atacar o governo. Até dizer que 20,7% é maioria.
Só que o Estadão foi mais comedido e não botou a mentira no título nem na primeira página. O título do Estadão (reproduzido na imagem) fala em insegurança alimentar. Mas o “olho” distorce: Maioria dos assistidos pelo programa passa fome, diz pesquisa do Ibase.
É mentira. A pesquisa não diz isso. Muito pelo contrário. A pesquisa do Ibase diz que uma minoria de 20,7% afirma que ainda passa fome. Essa informação (20,7%) é omitida na matéria do próprio Estadão, de autoria de Roldão Arruda, de onde retiro o trecho a seguir:
Pesquisa recém-concluída sobre o Programa Bolsa-Família, realizada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), tem uma notícia boa e outra ruim para o governo. A boa é que o dinheiro distribuído pelo programa tem sido usado principalmente para melhorar a alimentação das famílias - exatamente como se desejava. Do total de 5 mil titulares do cartão pesquisados, 87% disseram que empregam o dinheiro em alimentos. "Aumentou a quantidade e a variedade dos alimentos consumidos", diz a pesquisadora Mariana Santarelli, do Ibase.
A notícia ruim é que mesmo com a injeção de recursos entre as famílias mais carentes, elas continuam ameaçadas pela insegurança alimentar. Nas conversas com os pesquisadores, 83% dos titulares revelaram se enquadrar num dos três níveis em que se classifica a insegurança: grave, moderada e leve. No primeiro, o cidadão passa fome; no segundo, tem de reduzir a quantidade de alimentos da família, para que não falte; e, no terceiro, ele tem medo de não conseguir nada para comer no futuro próximo.
Como se vê nos destaques em negrito, apenas na insegurança grave o cidadão passa fome. Nas demais, não. O que é completamente diferente de afirmar que Maioria dos assistidos pelo programa passa fome, diz pesquisa do Ibase.
É por isso que os jornalões acabam sendo vendidos, engolidos por seus sobreviventes, perdendo a cada dia mais leitores, enquanto cresce o número de pessoas que procuram informação alternativa na blogosfera, em blogs sobre política, redes sociais, listas e grupos de discussão.
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