‘Não dá para entender como o Estado mais rico da federação não tem esse tipo de tecnologia [contra o crime]’
O autor dessa frase indignada é o sociólogo Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope (Batalhão de Operação Especiais da Polícia Militar) e um dos roteiristas do filme "Tropa de Elite". A tecnologia a que se refere é uma câmera microscópica digital, que poderia ter sido usada no caso do seqüestro de Santo André.
A declaração de Pimentel foi publicada na Folha de ontem, numa reportagem de Mario César Carvalho. E a reclamação não foi só dele não, mas de outros especialistas:
Uma câmera microscópica digital, acoplada a um fio de fibra óptica, teria revelado para os policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) que a barricada exigia um outro tipo de invasão. A câmera seria introduzida no apartamento por debaixo da porta. Os 15, 20 segundos que a polícia perdeu com essa barricada podem ter custado a vida de Eloá, segundo o delegado Riad Farhat, chefe do Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial).
"A falta desse equipamento pode ter sido um erro fatal. Mas o erro é do policial ou do governo que não comprou a câmera?", pergunta Farhat.
O coronel reformado Severo Augusto da Silva Neto, que comandou o policiamento da região metropolitana de Belo Horizonte, endossa a idéia de que tecnologia poderia ter mudado o desfecho do caso.
"Se a polícia tivesse imagens, invadiria o cativeiro quando o Lindemberg [Alves] estivesse o mais afastado possível das reféns", exemplifica o coronel.
Ainda segundo os especialistas, “um sistema simples de câmera pode ter um custo similar ao de um carro de polícia - US$ 15 mil ou cerca de R$ 32 mil”.
O que eles não sabem, nem lhes foi informado pelo repórter (que talvez também não saiba) é que a inexistência da câmera está diretamente ligada a uma decisão do governador de São Paulo, José Serra, de reduzir a zero o investimento em inteligência feito pelo governo paulista em 2008, deixando como dotação orçamentária apenas a verba que vem do governo Lula de R$ 25 milhões, conforme reportagem publicada em 2007 no Jornal da Tarde, do Grupo Estado, e comentado por mim aqui.
Agora, repare o que está escrito no Outro Lado, que existe na reportagem original da Folha:
A Secretaria da Segurança diz que o Gate já comprou microcâmeras para situações de risco, mas não soube informar quantas são (??!!) nem quando elas começarão a ser usadas (??!!).
É piada?
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