Não, não há engano, Ernesto Rodrigues, o ombudsman, que, em tese, seria o ouvidor da TV Cultura, não gostou do excesso de e-mails que a emissora recebeu por conta da lista dos entrevistadores do presidente do STF, Gilmar Mendes, na próxima segunda-feira, no Roda Viva. Isso o deixou preocupado:
Não poderia haver situação mais exemplar do cuidado que, na minha opinião, todos devemos ter, independentemente de nossas opiniões políticas, com o avassalador poder de multiplicação da Internet e da importante - e também grave - possibilidade que ela abre para a comunicação direta entre pessoas e instituições, sem intermediários.
Por que o ombudsman, que é jornalista e professor da PUC-Rio, acha que devemos ter cuidado com o poder de multiplicação da internet e acha grave aquilo que ela tem de mais interessante, a possibilidade de comunicação direta entre pessoas e instituições, sem intermediários?
Já o diretor do Roda Viva, Marcelo Bairão, chamou para si a responsabilidade da lista de debatedores:
“1 - A escolha dos componentes da bancada que entrevistará o ministro Gilmar Mendes é de minha inteira responsabilidade e da equipe do programa, e não do jornalista Paulo Markun que, diga-se de passagem, não foi consultado.
2 - Não houve nenhuma restrição ou veto do ministro ou de sua assessoria a qualquer nome.
3 - O critério usado, como sempre, foi o de compor uma bancada com jornalistas conhecidos e experientes de veículos importantes de circulação nacional - nesse caso também com um veículo específico, o site Consultor Jurídico”.
Mas, por que escolheram apenas quem não vai contestar Gilmar Mendes (um deles é assessor de imprensa do ministro), o que não aconteceu, por exemplo, quando o entrevistado foi o ministro Celso Amorim, que sofreu um bombardeio e não conseguia falar sem ser interrompido?
É por isso, ombudsman, que o pessoal reclama. E não leve a mal se muitos deles parecem apenas revoltados, injuriados, raivosos. É que todos ficamos muito tempo sem ter como nos manifestar, o que, graças à internet, agora é possível.
Por isso, muitos ainda acham que necessitam gritar para serem ouvidos. E outros, como você, ombudsman, acham que se deve ter cuidado com essa gente, que isso é grave. É só a falta de hábito de conviver com idéias diferentes, pessoas diferentes... Mas isso passa, como o AI-5, que hoje completa 40 anos, passou.
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