Há algum tempo venho recebendo via e-mail umas pitorescas recriminações de uma leitora que não quer se identificar. Resolvi chamá-la de Belinha dos Jardins, pois é moradora dessa região, onde vive boa parte dos endinheirados da capital paulista. O apelido é uma homenagem à Velhinha de Taubaté, do Veríssimo, aquela que era a última pessoa a acreditar no governo, fosse qual fosse.
Já com a Belinha é o oposto: ela não acredita em nada do que diz o governo Lula. Ao mesmo tempo é a última pessoa que ainda acredita em tudo o que diz a mídia corporativa. Fã do Estadão, da Folha, de O Globo e da Veja.
Uma das reclamações que ouvi de Belinha é a de que estava muito atarefada, pois tinha que “adestrar” (a palavra é dela) sua nova auxiliar, pois a última morreu de overdose de vacina contra a febre amarela. Belinha acreditou na Cantanhêde (cuidado, senão, Lula, o aedes aegypti vem, pica e mata) e fez a antiga auxiliar vacinar-se duas vezes, para garantir.
A coitada morreu – não por culpa da mídia, segundo Belinha, mas porque tivera uma infância muito pobre “e os pobres não cuidam direito da alimentação nem da saúde de suas crianças. Só querem saber de sexo para procriar, mas, responsabilidade, nada”.
A frase me recorda agora a do presidente de Israel, Shimon Peres, que afirmou que morriam mais crianças palestinas que israelenses na guerra, porque estes cuidavam melhor de seus filhos do que aqueles.
Pedi para que me deixasse incluir seus comentários no blog. Ela negou. Mudou de idéia quando afirmei que criaria uma coluna especialmente pra ela. Impôs apenas algumas condições, a primeira delas:
Você não pode mudar uma vírgula. Aliás, você vai ter que colocar vírgulas, pontos, adequar o texto ao novo acordo ortográfico, porque não tenho tempo para me preocupar com essas futilidades. Além do mais, quem vai digitar o texto é minha auxiliar, porque não posso correr o risco de quebrar minhas unhas no teclado. E, last but not the least, quero que faça uma apresentação de minha coluna, antes da estréia, como um preview.
É o que estou fazendo agora: apresentando a coluna, que só não vai publicada hoje, porque Belinha ainda não a enviou. Assim que chegar, publico.
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