Mas a concorrência é grande. E esforçada. Repare:
Anteontem, o PSOL gaúcho convocou uma coletiva para denunciar um grande esquema de corrupção, desvio de verbas públicas, caixa 2, envolvendo membros do governo tucano, inclusive a governadora Yeda Crusius. Como a matéria foi repercutida na chamada grande imprensa, mostrei aqui ontem - Yeda Crusius: ‘Por 100 mil eu não me levanto da cadeira’.
Hoje, a farra continua. A editora-executiva do jornal Zero Hora, Rosane de Oliveira, em seu blog...(Licença para um parágrafo entre parênteses.)
(É um mimo a apresentação da Rosane – que, relembro, é editora-executiva do Zero Hora – feita por um outro jornalista da casa: "A Rosane de Oliveira é a abelha-rainha do jornalismo político. Ela passa o dia depurando sua colmeia de informações. O resultado é de um melífluo sabor para seus leitores, que confiam que tudo o que ela escreve é a síntese de todos os fatos políticos importantes.")
Voltando à abelha-rainha. Ela hoje volta ao assunto em nova postagem, Reações diferentes. E já começa chamando assim as graves acusações feitas pelo PSOL: “Embora a lama jogada no ventilador pelo PSOL...”. Não, abelha, o PSOL não jogou, ele denunciou a lama, o que é coisa bem diferente.
Por falar em diferente, o título da postagem de Rosane se refere ao comportamento distinto de dois dos personagens envolvidos nas denúncias. O ex-secretário da Fazenda Aod Cunha entrou na Justiça para exigir que o PSOL prove o que diz contra ele ou se retrate. No que faz bem. Já a governadora Yeda...
Em vez de procurar a Justiça, Yeda Crusius optou pelo embate verbal. (...) Em entrevista ao repórter Elder Ogliari, da Agência Estado, disse que a deputada Luciana Genro e o vereador Pedro Ruas não têm credibilidade e "não podem convocar a imprensa para fazer dela massa de manobra para os propósitos golpistas que sabidamente têm".
Lá pelas tantas, o repórter pergunta por que ela não exige que o PSOL apresente provas. Resposta de Yeda:
– Exigir provas? Eles devem exigir de si próprios. Minha mãe me ensinou a não responder a provocações de bêbados de porta de bar. O nível do fazer política no Rio Grande do Sul é altíssimo. Não merece esse tipo de provocação.
E o que pensa a abelha-rainha, após “passar o dia depurando sua colméia de informações”, das reações diferentes? Afinal, a governadora foi acusada de levar dinheiro por fora para comprar um apartamento e de ter recusado 100 mil por mês, porque seria pouco, o que a teria feito pronunciar a já famosa sentença: “Por 100 mil não me levanto da cadeira”. Eis o que pensa Rosane:
São duas maneiras diferentes de encarar a situação. Acostumada aos ataques da oposição, Yeda não se abalou como Aod...
Ou seja, errado é quem fica abalado e pede provas a quem o chama de corrupto, já Yeda não se abalou, porque está acostumada aos ataques da oposição... É uma mulher equilibrada, que não se abala com palavras vazias, coisa de oposicionista que não tem o que fazer.
A entrevista ao Estadão
Fui então ao Estadão ler a tal entrevista da governadora ao repórter Elder Ogliari. Foi outro choque. Repare como ele abre a entrevista [destaques meus]:
Bem no início daquele que se anuncia como o melhor ano de sua gestão, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, está no centro de mais uma onda de denúncias políticas, feitas pelo PSOL e atribuídas a provas que estariam no processo que vai julgar os réus do desvio de R$ 40 milhões dos Detran/RS entre 2003 e 2007. Em vez de falar do equilíbrio fiscal, atingido no ano passado, e dos investimentos de R$ 2,3 bilhões que o Estado fará neste ano, com recursos próprios, a governadora foi colocada novamente na defensiva. Mesmo sem ter as provas que diz existirem à mão, o PSOL afirmou...
Parece porta-voz da governadora. Mas isso não é tudo. No segundo parágrafo, ele prossegue:
Yeda está mais tranquila porque as provas do que o PSOL diz não apareceram. Por isso, limitou-se a responder à acusação por uma nota na qual salientou que o Ministério Público Federal já desmentiu as declarações do PSOL e vem evitando o assunto, preferindo se ocupar da elaboração dos contratos de gestão que seus secretários terão de assinar a partir deste ano, se comprometendo com metas de desempenho.
E por aí vai...
Já no Rio de Janeiro, O Globo... bem, novamente O Globo não deu uma linha sequer sobre o assunto.
Por isso disse que concordo com os blogueiros gaúchos quando afirmam que a RBS é a pior do Brasil. Mas a concorrência é dura. E esforçada. Mesmo quando o esforço é não fazer nada, como O Globo com seu silêncio.
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