O que ficou claro, límpido e cristalino, como os seis copos de água que Gilmar Mendes bebeu durante a sabatina na Folha, é que o segundo habeas corpus a Dantas foi uma resposta ao novo pedido de prisão do banqueiro bandido (condenado, por enquanto, a dez anos de cadeia e a uma multa de R$ 14 milhões), que Mendes viu não como uma necessidade, diante da tentativa flagrante de suborno feita por emissários de Dantas, mas como uma afronta a sua autoridade. Como ele se acha não apenas presidente do STF mas o Senhor Judiciário, a afronta foi então ao Poder Judiciário, que ele julga personificar.
Fica claro também o motivo da aprovação da decisão do ministro pelos seus pares, por 9 a 1: eles foram convencidos por Mendes do risco de desmoralização do STF contido na segunda ordem de prisão de De Sanctis. Curioso é que essa aprovação agora é usada por Mendes como prova de que ele estava certo ao dar o segundo habeas corpus.
Muitos acham que Gilmar Mendes está a serviço de Dantas. Ontem, pelo menos para mim, ficou claro que é mais do que apenas isso. Ele está a serviço de um projeto muito mais ambicioso.
Como confirmou na entrevista, viaja pelos quatro cantos do país, numa agenda intensa de quem é candidato. O ministro levou até uma claque para a sabatina, o que ficou visível para qualquer um que já tenha participado da coordenação de uma campanha política.
O ministro estava brifado, com a ficha de cada um dos entrevistadores na ponta da língua. Inclusive a tiradinha de efeito contra a jornalista Mônica Bérgamo é típica de preparação para debate. Acuado pela jornalista, Gilmar disse: “Eu entendo a sua torcida, Mônica”. A claque aplaudiu e foi ao delírio.
Gilmar Mendes é o plano B da direita brasileira. Linha auxiliar da candidatura José Serra, na tentativa de desmoralização sistemática do governo Lula, mas que pode passar a opção preferencial, caso a candidatura Dilma decole. Não para uma disputa nas urnas, mas nas barras do STF, que ele preside.
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