Dr. Asdrúbal, torturador e assassino, foi fonte da Folha

O porcalismo não tem jeito. Enfia o focinho na lama, deita e rola nela para produzir suas reporcagens.

Enquanto o mundo, com razão, preocupa-se com a gripe suína, aqui no Brasil a mídia suína faz estragos e segue com seu porcalismo de resultados. Mas, com a internet, o Pig não vai longe, porque sempre vemos seu rabinho encaracolado à mostra.

Acabei de ler no PHA, mais uma carta do jornalista Antonio Roberto Espinosa (aquele que deu a entrevista que foi totalmente manipulada, distorcida, falsificada) criticando a Folha. Agora sobre a desculpa envergonhada, quando a Folha reconheceu que a reprodução de um documento publicado na reporcagem originou-se de um spam. Desculpa safada que nem foi publicada na primeira página – como a matéria de origem – o que mostra a importância de uma Lei de Imprensa para nos proteger da gripe suína do PIG.

Na carta, ficamos sabendo que o primeiro a divulgar a ficha falsa foi “o coronel reformado (na época major) Lício Augusto Ribeiro Maciel, o Dr. Asdrúbal, torturador e assassino de dezenas de pessoas em Xambioá”.

São os torturadores da “ditabranda” servindo de fonte para a Folha. É um flagrante do PIG (Partido da Imprensa Golpista) se chafurdando na lama para fazer suas reporcagens.

Leia a carta de Espinosa e veja como se proteger dessa mais grave gripe suína, a que vem do PIG:

Osasco, 25 de abril de 2009
Ao
Ombudsman
Jornal Folha de S. Paulo

Prezado jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva,

As circunstâncias (no caso a matéria “Autenticidade de ficha de Dilma não é provada”, da Folha de 25/4/2009, pág. A 12) obrigam-me a escrever-lhe novamente, solicitando outro pronunciamento seu a respeito da qualidade de reportagens e edição do seu jornal. Acabei de enviar carta ao Painel do Leitor, que lhe reencaminharei, por outro e-mail, a seguir, a qual suponho que não será publicada graças a novas desculpas burocráticas.
Curiosamente a matéria de 5 de abril foi produzida pela Sucursal de Brasília e a meia-retratação da edição de hoje foi realizada pela Sucursal do Rio. Não entendi as razões pelas quais não foi a própria autora do erro a se retratar, mas outra sucursal. Também não entendi por que, se era o caso de submeter o caso a outro organismo da Folha, não foi ela realizada pelo próprio editor do jornal, o senhor Octavio Frias Filho, ou no mínimo, a redação de São Paulo (sede do jornal e também sede do Dops paulista, que, supostamente, teria produzido a ficha da atual ministra-chefe da Casa Civil).
Quanto mais mexe mais fede, diz um ditado popular. E, quanto mais se envolve no não-fato de quarenta anos atrás (o seqüestro que não houve de Delfim Netto), mais a Folha se enrola e atrapalha. Seguem 10 considerações, para sua apreciação:
1) O título da matéria é um primor de ambigüidade: “Autenticidade” da ficha “não é provada”. Ou seja, é falsa ou não?
2) O título insinua que, no futuro, pode ser descoberta a autenticidade da ficha, ou seja, que Dilma seria mesmo procurada pelo Dops e DOI-Codi por supostamente ter participado de ações como a execução do capitão americano Chandler (CIA e ex-integrante da invasão ao Vietnã). Mesmo nesse caso, ainda que fosse procurada por sua suposta participação, isso não quer dizer que tenha participado, fato aliás jamais mencionado em qualquer investigação ou processo. A verdade é que Dilma não participou, nem poderia (pois era membro de outra organização e residia em outro Estado), de qualquer daquelas ações;
3) A repressão no início da década de 70 (Operação Bandeirantes, DOI-Codi e Dops) era tudo, violenta, arbitrária, torturadora, cruel, cínica, mas não era imbecil. Isto é, não perderia tempo fazendo insinuações ou acusações falsas, pois era objetiva e tinha um papel a cumprir em favor do regime de exceção. Naquele período, a repressão não produzia fichas desse tipo, e não teria porque fazê-lo em relação a Dilma, que era uma simples militante sem participação em ações armadas;
4) A ficha citada, na verdade, foi produzida recentemente por quadros que, na época da ditadura, eram subalternos, faziam o trabalho sujo dos porões. Hoje já estão aposentados mas se sentem como os heróis do regime de terror e preparam armadilhas com o objetivo de desestabilizar uma virtual candidatura presidencial da atual ministra Dilma. Eu e alguns amigos fizemos uma pesquisa amadora na Internet e descobrimos que o primeiro a divulgar a ficha falsa, e seu provável autor, é o hoje coronel reformado (na época major) Lício Augusto Ribeiro Maciel, o Dr. Asdrúbal, torturador e assassino de dezenas de pessoas em Xambioá. A seguir foi reproduzida por dois dos mais conhecidos blogs da direita mais reacionária, também alimentado por quadros subalternos do regime militar, o Ternuma, do notório coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, e o A verdade sufocada – As histórias que a esquerda não quer contar, também mantido por sargentos e oficiais de baixo escalão dos porões;
5) O que é realmente estranho é que a Folha de S. Paulo, um jornal tão preocupado com os critérios burocráticos e as formalidades da apuração dos fatos, tenha acreditado e publicado, assim dando repercussão nacional, uma ficha falsa, oriunda de fontes tão suspeitas. Por isso talvez seja lícito que se indague a respeito das conexões da Sucursal de Brasília com remanescentes dos antigos, e felizmente superados, porões do regime militar;
6) No lead da meia-retratação feita pela Sucursal do Rio, está dito que “Reportagem reconstituiu participação de Dilma em atos do grupo terrorista VAR-Palmares, que lutou contra a ditadura militar”. Chocante que a Folha volte a utilizar uma expressão, “terroristas”, estampada na época nos cartazes de “procurados” e na propaganda contrarrevolucionária do SNI e organismos da repressão;
7) Do ponto de vista da boa teoria liberal, esposada pela Folha, o direito à rebelião contra a tirania é legítimo e um dever dos cidadãos. A rigor, terroristas, ou ao menos, terroristas primários, ou causadores da reação armada de setores populares, na verdade seriam os autores do golpe de força de 1964 e os signatários do Ato Institucional número 5, que romperam com a soberania popular, a legitimidade eleitoral e o Estado de Direito. Chocante também o jogo de palavras num espaço nobre da matéria, em que são repetidas as insinuações contra a ministra;
8) No primeiro parágrafo da segunda coluna da meia-retratação está escrito literalmente que “A reportagem da Folha se baseou em entrevista gravada de Antonio Roberto Espinosa, ex-dirigente da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e da VAR-Palmares, que assumiu ter coordenado o plano de seqüestro do ex-ministro e dito que a direção da organização tinha conhecimento dele”;
9) Novamente a mesma argumentação da repórter e da Sucursal de Brasília é agora reiterada pela Sucursal do Rio. Nas cartas anteriores, esclareci que informação política é diferente de informação factual, distinção que V.Sa. revelou compreender perfeitamente na sua coluna de 12/4/2009. Entretanto, a Folha voltou a bater na mesma tecla. E, como ex-comandante nacional da VAR-Palmares e responsável pelo setor militar da organização, sou obrigado a repetir uma vez mais (e até quando terei que fazê-lo?) que Dilma, no que é de meu conhecimento, jamais participou de ações armadas e não teria como saber que o Regional de São Paulo, de fato, estudava a viabilidade do seqüestro do então ministro. De resto, esse tipo de informação jamais seria prestada com esse simplismo temerário mesmo ao comando nacional;
10) Da mesma forma que a repórter Fernanda Odilla, em resposta a minha carta, em 8/4/2009, agora a Sucursal do Rio, também garante que a Folha dispõe das gravações de minhas entrevistas. Essas entrevistas por acaso são secretas? Constituem um segredo jornalístico, inexpugnável e à prova dos leitores? Por que a Folha insiste em dizer que tem mas não publica as entrevistas? Eu já estou cansado de desafiar o jornal a fazê-lo. Na sua coluna de 12/4/2009, V.Sa. também informou ter sugerido à Redação que as publicasse, ainda que na Folhaonline, e reiterou sua sugestão. Além dos arquivos secretos da ditadura, temos agora também as entrevistas secretas da Folha de S. Paulo, que são uma arma da Redação contra suas fontes, os leitores e a verdade?
São essas as considerações que tinha a fazer e que embasam minha solicitação para que V.Sa. volte a tratar do assunto na sua coluna de amanhã. Creio que, além das questões técnicas da produção jornalística, estamos tratando também de uma conspiração contra a verdade, a boa informação, a boa fé dos leitores e a democracia.
Muito obrigado
Antonio Roberto Espinosa

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