A saga de Sarney: coincidência ou Serra (3)

Já fiz duas postagens aqui sobre a intensa pressão em cima do senador José Sarney (que só Deus e a justiça amapaense sabem como conseguiu se reeleger batendo a valente Cristina Almeida (PSB) (sobre este assunto não deixe de ler esta postagem aqui). Nas duas, perguntava: coincidência ou Serra? E recebi vários questionamentos, como se eu estivesse defendendo Sarney e não, ao contrário - e era o foco das postagens - denunciando a utilização de antigas e manjadíssimas acusações contra o ex-presidente, logo agora que ele foi escolhido presidente do Senado, é aliado de Lula e inimigo declarado do presidente eleito pela mídia José Serra. Daí a pergunta: coincidência ou Serra?

Porque acusações contra o senador Sarney vêm do tempo em que ele ainda nem usava bigodes. Quem procurar na caixa de pesquisas aqui do blog vai encontrá-las aos montões. Escolhi algumas:

A grande sacada de Sarney, com o dinheiro que ele sacou do Banco Santos, um dia antes na intervenção naquele banco e como a transação foi feita pelo próprio presidente do banco.

Como Roberto Marinho mandava em Sarney e nomeou Maílson da Nóbrega ministro da Fazenda, na época em que Sarney era presidente.

Ao final de seu governo (que de tão ruim praticamente elegeu Collor, com o auxílio luxuoso da Globo) uma pesquisa do Ibope, de novembro, mostrava o tamanho do desgaste do presidente Sarney: para 60% dos entrevistados seu governo era avaliado como ruim/péssimo. E deixou o governo com uma inflação de 80%, ao mês. Não há engano, é ao mês mesmo.

O Maranhão, um dos estados de maior riqueza cultural e belezas naturais do Brasil, governado há décadas pela família Sarney, é um dos mais miseráveis do país. Onde reinam o nepotismo e a autoexaltação mais desavergonhada do Brasil, como já denunciamos anteriormente aqui:

Segundo o Jornal Pequeno, do Maranhão, que tem como slogan "O órgão das multidões", afirma que é fácil ver as digitais de Sarney no estado:

"Para nascer, é na Maternidade Marly Sarney. Para morar, você tem as vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola (mãe de Sarney) ou Roseana Sarney. Para estudar, suas opções são as escolas Roseana Sarney, Sarney Neto, Fernanda Sarney, Roseana Sarney, Marly Sarney ou o próprio Sarney. Para pesquisar, pegue um táxi no posto Marly Sarney e vá à biblioteca José Sarney (que fica na maior faculdade particular, que, dizem as más línguas, também é do Sarney). Para ler notícias, tem o jornal Estado do Maranhão, que também é do Sarney, ou a televisão do Sarney. Para saber sobre contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Sarney Murad. Para sair da cidade, atravesse a ponte José Sarney, pegue a Avenida José Sarney, vá para a rodoviária Kiola Sarney e então, depois de algumas horas nas estradas e rodoviárias "maravilhosas" do Maranhão, você chegará ao município José Sarney. Não gostou? Quer reclamar? Pode me processar que eu vou responder no fórum desembargador Sarney!" março de 2007

Mas, como nada disso parece entrar na cabeça de algumas pessoas, como elas continuam achando que estou defendendo Sarney e não denunciando a maré de denúncias que tem como objetivo retirá-lo de lá para colocar alguém que, pelo menos, não seja adversário de Serra, vou usar uma charge de Chico Caruso, publicada na primeira página de O Globo de hoje, e que demonstra muito bem o que estou dizendo. A charge, repare, foi publicada originalmente em fevereiro de 88, portanto, há 21 anos.


Desde aquela época a imagem de Sarney se desfaz em lama, embora tenha sido eleito membro da Academia Brasileira de Letras depois disso, e seja articulista da Folha de São Paulo há anos.

Repito a pergunta: se todo mundo sabe quem é Sarney há tanto tempo, se as mutretas que estão denunciadas agora no Senado não começaram com ele – que recém foi empossado – por que toda a sujeira está sendo levantada agora: coincidência ou Serra?

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