Ele é mau. E gosta dessa fama de mau. Cultiva seus ódios com o mesmo cuidado que os carecas dedicam aos fios que lhes restam. Ah, ele também é careca.
Seu sorriso sempre foi tão curto, que exibe mais gengivas do que dentes. E ainda assim ele os economiza.
Correm muitas lendas sobre suas maldades, sobre como trabalha nos bastidores para derrubar adversários (que ele sempre vê como inimigos).
Dizem que tem muita influência na Polícia Federal. Nas chefias dos principais jornais, revistas e emissoras de TV. Não há adversário ou possível empecilho em seu caminho que não seja rapidamente fulminado. Nessas horas, todos se entreolham, entressabem e entreafirmam: - Foi “Ele”.
Só que de tanto espalhar terror entre os adversários, sua fama de mau começou a assustar os que o cercam. Primeiro, timidamente: receios. Em seguida, após a constatação de que a uma maldade sempre sucedia uma seguinte, vem o medo.
E agora os que o cercam também têm medo dele. Do monstro em que se transformou aos olhos de todos, capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos. Por isso, temerosos, conspiram à surdina contra ele.
Ele percebe esse movimento. Mas já não sabe em quem confiar plenamente. Então, para atemorizar esses possíveis dissidentes, aumenta o grau de maldade, seguindo ao limite a lição de Maquiavel de que ao Príncipe é melhor ser temido que amado.
Mas, com isso, ele pula um degrau na lição do fiorentino. De temido passa a ser odiado. E os que o odeiam dedicam a esse ódio a mesma atenção que ele dedica a sua maldade e os carecas aos fios de cabelo que lhes restam.
Ele aumenta a maldade. E o número de vítimas.
O ódio aumenta. E o número dos que o odeiam também.
Um dia, ele acorda, acende a luz do banheiro e vê aquele careca no espelho. Por que o olha com ódio?
Quebra o espelho, mas aí vê o careca multiplicado em vários pedaços de espelho. O mesmo olhar. A mesma maldade. O mesmo ódio. Por quê?
Furioso, começa a quebrar os pedaços de espelho em fragmentos ainda menores. Mas isso só multiplica os carecas.
Por que todos se voltam contra mim? Será que erro tanto? – ele pensa.
Ouve uma voz:
Seu sorriso sempre foi tão curto, que exibe mais gengivas do que dentes. E ainda assim ele os economiza.
Correm muitas lendas sobre suas maldades, sobre como trabalha nos bastidores para derrubar adversários (que ele sempre vê como inimigos).
Dizem que tem muita influência na Polícia Federal. Nas chefias dos principais jornais, revistas e emissoras de TV. Não há adversário ou possível empecilho em seu caminho que não seja rapidamente fulminado. Nessas horas, todos se entreolham, entressabem e entreafirmam: - Foi “Ele”.
Só que de tanto espalhar terror entre os adversários, sua fama de mau começou a assustar os que o cercam. Primeiro, timidamente: receios. Em seguida, após a constatação de que a uma maldade sempre sucedia uma seguinte, vem o medo.
E agora os que o cercam também têm medo dele. Do monstro em que se transformou aos olhos de todos, capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos. Por isso, temerosos, conspiram à surdina contra ele.
Ele percebe esse movimento. Mas já não sabe em quem confiar plenamente. Então, para atemorizar esses possíveis dissidentes, aumenta o grau de maldade, seguindo ao limite a lição de Maquiavel de que ao Príncipe é melhor ser temido que amado.
Mas, com isso, ele pula um degrau na lição do fiorentino. De temido passa a ser odiado. E os que o odeiam dedicam a esse ódio a mesma atenção que ele dedica a sua maldade e os carecas aos fios de cabelo que lhes restam.
Ele aumenta a maldade. E o número de vítimas.
O ódio aumenta. E o número dos que o odeiam também.
Um dia, ele acorda, acende a luz do banheiro e vê aquele careca no espelho. Por que o olha com ódio?
Quebra o espelho, mas aí vê o careca multiplicado em vários pedaços de espelho. O mesmo olhar. A mesma maldade. O mesmo ódio. Por quê?
Furioso, começa a quebrar os pedaços de espelho em fragmentos ainda menores. Mas isso só multiplica os carecas.
Por que todos se voltam contra mim? Será que erro tanto? – ele pensa.
Ouve uma voz:
- Se erra, José, se erra...