Amor de nossa mídia porcorativa pelos homens de farda começa a dar frutos. Tem milico clamando por ação dos generais do Exército

O alvoroço sexual de nossa mídia porcorativa com a "invasão do Alemão",  com a "ação máscula dos homens de preto do Bope", com as "bandeiras fincadas no morro", com os "blindados da Marinha passando por cima de tudo", a "tropa de paraquedistas", e agora o anúncio do governador de que dois mil soldados do Exército vão ficar no Alemão por sete meses, tudo deixou a milicada alvoroçada.

Um tenente-coronel do MS, mais afoito, escreveu uma carta aos generais exigindo deles uma ação. Chega ao absurdo de colocar uma interrogação entre parênteses quando cita nossa Presidenta Dilma.

O dia da eleição de nossa futura Presidenta ele trata assim: "Dia 31 de outubro de 2010, um dia triste para aqueles que viram seus esposos, filhos, pais, parentes e amigos tombarem sem vida em defesa da democracia e hoje assistem a seus algozes desfrutarem do sabor da vitória". 

Já estão, como se vê, "Riscando os cavalos!/Tinindo as esporas!"... Confiram abaixo que depois eu volto ao poema de Ascenso Ferreira.

CARTA ABERTA AOS EXCELENTÍSSIMOS SENHORES GENERAIS

E agora, Excelentíssimos Senhores Generais?

A vida na caserna é repleta de jargões. Obviamente isso não ocorre apenas no meio militar, mas em todo lugar que reúne uma classe de pessoas que labutam em prol de um objetivo comum. Isso contribui para criar afinidades e padrões de comportamento. Lembro-me dos momentos vividos no ambiente acadêmico (bons tempos aqueles!) e a linguagem própria do meio militar já se fazia corrente no nosso cotidiano. Estudar era “meter o gagá”; um assunto de relevância, com grande possibilidade de ser alvo de uma prova, era “bizu”; a luminária individual era “gagazeira”; desequilibrar emocionalmente era “aloprar”; e entre tantos outros jargões, o indivíduo que revelava medo ou temor era “encagaçado”; o destemido era denominado “mafrudo”; o indeciso ou mesmo omisso era “bundão”.

Na aurora da mocidade observávamos nossos superiores e, de acordo com suas atitudes diante das diversas situações, classificávamos cada um de “encagaçado”, “mafrudo” ou “bundão”.

Fazíamos dos “mafrudos” nosso espelho, ridicularizávamos os “encagaçados” e jamais
desejaríamos ser, no futuro, como os “bundões”.

Já amadurecidos, percebemos que fomos cruéis nos julgamentos de nossos superiores. Por vezes pareciam ser o que representavam nossos jargões, entretanto o que percebíamos como medo, destemor ou indecisão era, na realidade, uma avaliação mais prudente levada a efeito por alguém que enxergava além do campo de visão da nossa impetuosa juventude.

Dentro dos rigores da disciplina, do elevado espírito de sacrifício, do permanente exercício de amor à Pátria, da obstinada manutenção de valores cívicos e morais nossa formação nos fez pessoas diferentes de muitos brasileiros que já exercitavam a famigerada “lei de Gerson”, pois, para estes, o que importava era levar vantagem em tudo.

Parece que os militares pouco a pouco permitiram que o processo de globalização (moral) invadisse os quartéis e começasse a destroçar os alicerces daqueles valores construídos e exercidos por tão valorosos personagens da nossa História.

Assistimos, impassivelmente, nossos vultos históricos serem substituídos por simples animais, nas nossas cédulas de dinheiro; assistimos à paulatina ocupação da Amazônia, por entidades estrangeiras, sob a égide de preservação do ambiente; permitimos que nossos índios se distinguissem como nação indígena e não como um segmento do miscigenado povo que forma a nação brasileira; indiferentes, vimos a proliferação de ONG’s que se agigantam ocupando o lugar do poder público, desviando recursos com finalidades duvidosas; admitimos participar de missões de paz na Nicarágua, em Angola, no Haiti e outras partes do mundo, enquanto a verdadeira guerra se desenrola dentro de nosso próprio território, com indiscutível vitória do poder paralelo que rasga leis e normas, usufrui de direitos brandindo armas sofisticadas, matando, roubando e impondo suas esdrúxulas condições à sociedade indefesa; assistimos jovens, ainda com cheiro de fraldas, instigados pela oposição, hoje no poder, a depor um presidente que fez o mundo ver que existia um Brasil e assumiu responsabilidades porque não deu a si o direito de dizer “eu não sabia, eu não sei de nada”...

Ah! E os generais? Onde estavam os guardiões desta terra enquanto tudo isso acontecia? Tenho a impressão que já estavam globalizados, corrompidos pelo frenesi do poder, incapazes de se divorciarem da luxúria.

Agora sim, amadurecidos, com o olhar alcançando o que nossa juventude não permitia alcançar e conhecendo o significado de prudência, vemos que existe uma tênue linha que delimita a fronteira entre a disciplina e a covardia, então podemos classificar melhor nossos generais e ver que, embora em outra escala, ainda existem “encagaçados”, “mafrudos” e “bundões”.

Onde estão nossos valterpires, leônidasgonçalves, thaumaturgossoteros, pedrozos, helenos e outros poucos “mafrudos”? Esses manifestavam seus pensamentos, colocando os interesses do País acima de seus próprios interesses e vários deles foram sumariamente afastados e lançados ao ostracismo. Sei muito bem do que estou falando porque fui duas vezes alvo de punição por apontar falhas, erros e falar o que não se desejava ouvir. Muitos daqueles que agiram de forma omissa ou indiferente continuam na pauta de promoções e designação de cargos importantes, porque calados eles não atrapalham.

Assim, o poder corrupto anestesia o cão de guarda da Nação e este não vê que o povo ficou cognitivamente indefeso e que os programas sociais são equivocados:

– O Programa Bolsa-família tem a finalidade de tirar a criança do trabalho para que ela possa estudar e ser cidadão melhor sucedido que o seu genitor, mas como não se fiscaliza a presença da criança na escola e nem se melhora o ensino básico, essa criança será um adulto igual ou pior que o seu genitor – mas dá voto;

– O Pro-Uni permite que o cidadão faça estudo de nível superior em entidade privada, com subsídio federal, porque é mais fácil o ingresso nessa entidade do que numa universidade federal onde o cidadão, por falta de conhecimento básico, não tem capacidade de ingressar, então, o governo, em lugar de investir no fortalecimento da base de conhecimento, facilita a formação de um profissional sem requisitos mínimos que, com raríssimas exceções, será um profissional de competência duvidosa, daí nosso inexpressivo índice na área de pesquisas e patentes – mas dá voto.

No último pleito eleitoral para Presidente da República, assistimos à tolerância de todos os poderes constituídos – visivelmente corrompidos – ao emprego da “máquina do governo” na maior campanha eleitoral (repleta de atos ilícitos) da história do nosso País.

Dia 31 de outubro de 2010, um dia triste para aqueles que viram seus esposos, filhos, pais, parentes e amigos tombarem sem vida em defesa da democracia e hoje assistem a seus algozes desfrutarem do sabor da vitória. Vem por aí uma série de leis, normas, cartilhas, projetos e mais o que valha, para usurpar o que muito cidadão demorou a vida inteira para construir, tudo em nome da distribuição de renda e justiça social.

Convém frisar que, a partir de 1º de janeiro do próximo ano, a Presidenta(?) eleita governará nosso País com uma inédita maioria no Congresso Nacional e estarão em pauta direitos humanos, propriedade privada (rural – propriedade máxima de mil hectares e urbana – não deverá haver imóvel desabitado), reforma previdenciária profunda e outras ações que possam retirar do cidadão suadas conquistas do passado.

Tudo isso poderia ter sido evitado se, na sua maioria, os guardiões da Pátria não tivessem poupado suas manifestações que, sabiamente, seriam bem argumentadas.

E agora, Excelentíssimos Senhores Generais, vão se espelhar nos “mafrudos” ou continuar perfilados entre os “bundões”?

Emidio Alves Filho – TCel R1 Cav
Campo Grande-MS, 31 de outubro de 2010
BRASIL...! Acima de tudo...!!! [Fonte: aqui]

Voltando ao poema do Ascenso Ferreira, agora completo:

Riscando os cavalos!
Tinindo as esporas!
Través das cochilhas!
Sai de meus pagos em louca arrancada!
— Para que?
— Pra nada!

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