A manchete da primeira página de O Globo deste domingo diz: “PM ajuda ex-traficantes a buscar emprego formal”.
Na reportagem nos informam que a chegada das UPPs às comunidades tem levado traficantes a pedirem ajuda à Polícia Militar para que consigam emprego. Segundo o Comando de Polícia Pacificadora, “são dezenas de ex-soldados do tráfico que diariamente pedem aos policiais uma oportunidade de trabalho”.
Fiz uma continha básica. São 13 UPPs em funcionamento (o Rio tem mais de mil favelas). Peguei os dias em que foi instalada cada uma e, usando um script, calculei há quantos dias cada uma estava funcionando. Somei os treze números e dividi por treze para calcular a média (com grave distorção, pois algumas foram inauguradas recentemente).
Resultado: 363,85 dias de média. Quase um ano. Multiplicando por apenas uma dezena (embora a reportagem fale em dezenas por dia, dei um descontão de pelo menos 50%, já que, para falarmos em “dezenas”, obrigatoriamente teríamos de contar com mais de 20), chegamos ao número de 3638 (O 0,5 que falta seria talvez o Meio Quilo, mas esse já morreu...) traficantes e/ou soldados do tráfico arrependidos procurando a PM atrás de emprego. Vários deles – sempre segundo a reportagem de O Globo – seguindo conselhos da mãe.
Corri atrás do fato, distribuí vários jornalistas desempregados pelas UPPs e, num furo de reportagem, o blog conseguiu flagrar o diálogo entre um traficante arrependido e um policial da PM. Como na reportagem de O Globo, os nomes não serão revelados e você só acredita se quiser, ou puder.
O arrependido começa:
Pano rápido.
Na reportagem nos informam que a chegada das UPPs às comunidades tem levado traficantes a pedirem ajuda à Polícia Militar para que consigam emprego. Segundo o Comando de Polícia Pacificadora, “são dezenas de ex-soldados do tráfico que diariamente pedem aos policiais uma oportunidade de trabalho”.
Fiz uma continha básica. São 13 UPPs em funcionamento (o Rio tem mais de mil favelas). Peguei os dias em que foi instalada cada uma e, usando um script, calculei há quantos dias cada uma estava funcionando. Somei os treze números e dividi por treze para calcular a média (com grave distorção, pois algumas foram inauguradas recentemente).
Resultado: 363,85 dias de média. Quase um ano. Multiplicando por apenas uma dezena (embora a reportagem fale em dezenas por dia, dei um descontão de pelo menos 50%, já que, para falarmos em “dezenas”, obrigatoriamente teríamos de contar com mais de 20), chegamos ao número de 3638 (O 0,5 que falta seria talvez o Meio Quilo, mas esse já morreu...) traficantes e/ou soldados do tráfico arrependidos procurando a PM atrás de emprego. Vários deles – sempre segundo a reportagem de O Globo – seguindo conselhos da mãe.
Corri atrás do fato, distribuí vários jornalistas desempregados pelas UPPs e, num furo de reportagem, o blog conseguiu flagrar o diálogo entre um traficante arrependido e um policial da PM. Como na reportagem de O Globo, os nomes não serão revelados e você só acredita se quiser, ou puder.
O arrependido começa:
- Seu poliça...
- …
- Desde que vocês pacificaram aqui que eu tô desempregado... Eu embalava os bagulho, vigiava a parada, trocava [tiros] com vocês...
- (põe a mão na arma)
- Pô, desculpa aí, foi mal... Não precisa ficar nervoso. Não esculacha que eu agora tô pacificado...
- Tu quer o quê?
- Um emprego...
- Que que tu sabe fazer?
- Aquilo que eu já disse.
- Mas isso não serve mais aqui. Tem estudo? Aguenta um saco de cimento?
- Pô, seu poliça, pedi pra num esculachar...
- Foi mal...
- Tô topando qualquer parada. É que a minha mãe mandou.
- Ah, e tu obedece a mamãezinha, é?
- Pô, eu pedi...
- Desculpa, não esculacho mais... E só agora tua mãe te mandou arrumar emprego, é?
- Não, ela sempre me deu bons conselho.
- Vem cá. E por que tu não fez como todo mundo e foi procurar emprego por aí, nos classificados, nas lojas, restaurantes, obras, e vem procurar logo a polícia?... Tu sabe quanto ganha um PM? Sabe que a PM do Rio tem um dos piores salários do Brasil? Se eu soubesse de emprego arrumava pra mim, mané...
Pano rápido.
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