Amor e Revolução nos tempos da ditadura, ou da ditabranda? Deputado afirma que foi torturado nos primeiros dias do golpe de 1964

O articulista da Folha Fernando de Barros e Silva escreveu há duas semanas um artigo descendo o pau na novela Amor e Revolução, que está sendo apresentada no SBT.

Se o tema é explosivo, a novela é uma bomba. Mas é muito importante porque toca num tema que nunca foi explorado em canal aberto, ainda mais numa telenovela: a tortura sistematicamente praticada por agentes do governo, com salário, uniformes, armas, 13º , férias, pensão de filhas mulheres e viúvas, tudo pago pelo cidadão, que muitas vezes era o alvo das torturas.

Só que o articulista é da Folha, aquele grupo que emprestava carros para transportar "terroristas" para serem torturados em São Paulo. Aquele grupo que empregava policiais (tiras, na gíria) em um de seus jornais, que era conhecido ironicamente como o de maior "tiragem" - et pour cause.

Dizia que ele descia o pau na novela (o texto integral pode ser lido aqui, no Edu, que o ironizou). Mas, o que é grave, tentava, a la Folha, mais uma falsificação da história. Não à toa, se você buscar no Google digitando o título do artigo vai dar de cara com vários sites de militares, torturadores, falsificadores de dossiês.

Tiago Santiago, autor de Amor e Revolução, respondeu à crítica. Mas o que me interessa é outro ponto, também tocado pelo autor da novela, que é a afirmação do articulista da Folha de que "A tortura contra adversários da ditadura só seria adotada pelo regime de modo sistemático depois do AI-5, em 1968".

É uma tortura com a verdade histórica. Mas vai ao encontro do que pensa o patrão do articulista, para quem a ditadura civil-militar foi uma ditabranda. Mais ainda de acordo com o fundador do Grupo, que dizia que Brasil de Médici é ‘um país onde o ódio não viceja’.

Para desmascarar de vez essa fraude, posto a seguir trecho de uma entrevista concedida à TV Câmara pelo poeta, escritor, jornalista e ex-deputado do PTB (o histórico, de Getúlio, Jango e Brizola, p.ex.) Gerardo Mello Mourão, que mostra como eram aqueles tempos - de tortura. Nela, Mourão afirma que queriam (a ditadura - e não a ditabranda da Folha) matá-lo, por causa de um discurso que fez.



Ouçam agora trecho do tal discurso a que se refere Mourão na entrevista, que consegui no Portal da Câmara, e montei com uma imagem do autor e legendas:



Se fizeram isso tudo com um deputado, imagina o que não acontecia com o cidadão comum. Depois ainda querem dizer que não houve tortura, ou que vivemos uma ditabranda...

Por isso a Comissão da Verdade tem de ser instalada já, ainda este ano. Para acabar com essas falsificações da História.

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