Reportagem de Lucas Figueiredo com fotos de Daniel Kfouri publicada na revista GQ denuncia que o Exército brasileiro usou (mediante coação e pagamento) índios e mateiros para perseguir, executar, matar e até cortar a cabeça de guerrilheiros que lutavam no Araguaia contra a ditadura civil-militar que golpeou o país em 1964.
O ataque final da ditadura à guerrilha foi devastador:
O índio Warani (foto) declarou que "[Soldados] levaram índio dizendo que era para caçar macacos e caititus. Mentira! Era para caçar terrorista." Terrorista é como a ditadura chamava (e seus seguidores de hoje chamam) os que pegaram em armas para combater o golpe.
O coronel da reserva Aluisio Madruga de Moura e Souza, veterano dos combates no Araguaia, confirma a informação, num email enviado a um amigo:
Sinésio Martins Ribeiro, um mateiro que guiava tropas do Exército na região confirma a informação:
Mais uma vez fica clara a importância da Comissão da Verdade. Arrastar essa história mal contada é um fardo pesado demais para o país. Temos que agir como nossos vizinhos e obedecer à resolução da Corte Interamericana de Direitos Humanos, como deixou claro o professor Comparato em artigo publicado aqui.
GQ reuniu provas que mostram que, no início dos anos 70, no governo do general-ditador Emílio Garrastazu Médici, a força terrestre fez de pacíficos índios Aikewara - da aldeia Suruí Sororó, no sudeste do Pará - máquinas de caçar e matar homens. Um militar da reserva que participou das operações afirma que, na caçada humana, os índios não se limitaram a matar. Cortaram cabeças. Era a prova que o Exército exigia do dever cumprido.
O ataque final da ditadura à guerrilha foi devastador:
Eram 3400 soldados contra 76 guerrilheiros (69 já estavam no local e sete a caminho). Ou seja, uma vantagem para as Forças Armadas de 45 para 1 - vantagem, aliás, ilusória, já que os insurretos dominavam a selva e os militares não.
O índio Warani (foto) declarou que "[Soldados] levaram índio dizendo que era para caçar macacos e caititus. Mentira! Era para caçar terrorista." Terrorista é como a ditadura chamava (e seus seguidores de hoje chamam) os que pegaram em armas para combater o golpe.
O coronel da reserva Aluisio Madruga de Moura e Souza, veterano dos combates no Araguaia, confirma a informação, num email enviado a um amigo:
Madruga atesta que os índios de fato participaram da terceira e última campanha militar no Araguaia, a Operação Marajoara. Na mensagem, o coronel Madruga faz uma afirmação grave: "O único caso de cabeças cortadas - duas - de que tenho conhecimento foi protagonizado pelos índios Suruí já mais para o final da Operação Marajoara".
Sinésio Martins Ribeiro, um mateiro que guiava tropas do Exército na região confirma a informação:
"Eles [os militares] davam um saco de plástico branco forte e diziam: 'Derruba o papagaio e tira o bico dele'. Papagaio era como eles chamavam os guerrilheiros, e bico era a cabeça."
Mais uma vez fica clara a importância da Comissão da Verdade. Arrastar essa história mal contada é um fardo pesado demais para o país. Temos que agir como nossos vizinhos e obedecer à resolução da Corte Interamericana de Direitos Humanos, como deixou claro o professor Comparato em artigo publicado aqui.
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