Tucanos publicam um "Livro Branco" onde respondem a todas as acusações de corrupção do governo FHC-Serra

Tucanos tentam desqualificar o livro A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr., um jornalista que sempre trabalhou na chamada grande imprensa, vencedor de três Prêmios Esso e quatro Vladimir Herzog - os mais considerados entre os jornalistas.

Mas uma grande vantagem de ter um blog que vai completar sete anos e mantém sua coerência por todo esse tempo é o arquivo interno. Pesquisando nele, descobri a referência a um Livro Branco do PSDB. Seu objetivo: defender-se das críticas ao governo FHC.

Em 4 de fevereiro de 2006, publiquei aqui o seguinte:

O PSDB tem uma publicação chamada Livro Branco, onde, teoricamente, o partido mostra que não tolera a corrupção.
A respeito de Ricardo Sérgio de Oliveira, o homem que cuidou das finanças de campanhas de Serra e FHC, o documento assume esta defesa “veemente”:

O ex-diretor do BB é alvo de duas acusações assemelhadas: ter cobrado ou tentado cobrar propinas milionárias de grupos vitoriosos nas privatizações da Telebrás e da Vale. Segundo o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, Ricardo Sérgio teria exigido dos sócios privados da Telemar uma “comissão” da ordem de R$ 90 milhões. Segundo a imprensa, ele teria recebido R$ 50 milhões, rateados em partes iguais de R$ 12,5 milhões pelos quatro sócios.

A acusação do ex-senador foi feita em depoimento à Polícia Federal, no inquérito aberto em setembro de 2001 para apurar irregularidades na privatização da Tele Norte Leste, o “grampo” no BNDES e a divulgação das fitas. O inquérito terminou três meses depois e suas conclusões foram enviadas à Justiça. Ricardo Sérgio entrou com uma queixa-crime no Supremo Tribunal Federal contra o então senador Antonio Carlos Magalhães. Com a sua renúncia, o processo foi enviado à Justiça paulista, pois, conforme parecer do procurador-geral da República, de junho de 2001, as alegadas declarações ofensivas foram veiculadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Na Justiça Federal do Rio de Janeiro tramita em segredo de justiça uma ação civil pública por improbidade contra o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio, resultante de inquérito civil público aberto em agosto de 1998 e concluído em maio de 1999. O Ministério Público Federal demanda o fim do sigilo do processo.
No caso da Vale, a imprensa noticiou em maio de 2002 que o empresário Steinbruch, ex-presidente do conselho de administração da companhia, teria se queixado ao ex-ministro Mendonça de Barros e ao titular da Educação, Paulo Renato Sousa, de que Ricardo Sérgio o estaria pressionando para que pagasse os R$ 15 milhões que lhe deveria por ter o ex-diretor do BB agregado os fundos de pensão estatais ao consórcio de Steinbruch que disputava e, afinal, arrematou a Vale.
(...)
O Ministério Público e a Corregedoria-Geral abriram investigações sobre ocaso. A CGU informou que as suas diligências verificarão “a efetiva existência de lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio público”; em caso afirmativo, o órgão promoverá “a devida responsabilização administrativa dos seus autores e o cabal ressarcimento do prejuízo aos cofres públicos”. A CGU também pediu ao procurador-geral da República as evidências levantadas pelo Ministério Público“ que acaso se revelarem úteis à responsabilização administrativa ou civil, no âmbito do Poder Executivo”.
Mais uma vez, diante de um episódio apresentado como escabroso à opinião pública, com insinuações de favorecimento e tráfico de influência no âmbito da administração federal, as instituições adequadas para lidar com a matéria entraram em ação sem demora – e sem serem tolhidas por qualquer autoridade.

Esquento o comentário daquela época:

Como se vê pelo Livro Branco, o PSDB não nega a corrupção, joga tudo nas mãos da Justiça - ou melhor, no segredo de Justiça. Essa sempre foi a aposta deles.

Só que Amaury Ribeiro Jr foi processado pelo que escreveu numa reportagem daquela época. E pediu à Justiça exceção de verdade para se defender. Com isso teve acesso a documentos antes protegidos pelo segredo de justiça. Esses documentos são a base de "A Privataria Tucana".

Por isso, há o silêncio cúmplice PSDB-mídia: os documentos são oficiais, demonstram tudo aquilo que se acusava no governo FHC-Serra e que o Livro Branco dizia que estava sendo apurado.. mas não podia divulgar porque corria em segredo...

Não corre mais.

No Livro Branco não existe uma linha sequer afirmando que qualquer das acusações era infundada.

Quanto a dizer que o governo FHC colocou tudo nas mãos da Justiça sem interceder, isso não é verdade:

O delegado da PF Deuler da Rocha Gonçalves comandava dois inquéritos (civil e criminal) que investigam a participação de Ricardo Sérgio e outros caciques do PSDB nas supostas irregularidades ocorridas no processo de privatização. Ele foi afastado do caso inesperadamente, pelo chefe da PF à época, Marcelo Itagiba:

"[Itagiba era/é] amigo de Serra, com quem trabalhou entre 1998 e 1999 no Ministério da Saúde, montando uma central de informações que recrutava arapongas, o superintende da PF no Rio, delegado Marcelo Itagiba, usou um dispositivo que lhe permite promover reformas administrativas internas para afastar na semana passada o delegado que investigava o caso" [Fonte].

Entendem agora o silêncio sobre o livro do Amaury?

Ah, e se você ficou curioso sobre o Livro Branco do PSDB, que teoricamente rebateria acusações de corrupção feitas ao partido, sinto informar que ele não está mais disponível. O PSDB o retirou do ar. Ele ficava neste link: http://www.psdb.org.br/biblioteca/publicacoes/livroBranco.pdf. Mas, agora sumiu, como você pode conferir:


Por que será? O amigo leitor tem ideia?