Ah, o Leblon... O Leblon quer a saída de Cabral... do Leblon


PMs do Batalhão de Choque e
manifestantes presos, ontem no Leblon


Só rindo. O chic e fotogênico bairro do Leblon, cenário de quase todas as novelas de Manoel Carlos na Globo, o Leblon está incomodado com o governador Sergio Cabral, que mora no bairro. E quer a sua saída.

Mas não é com as acusações de corrupção que cercam o governador, nem com a brutalidade de sua polícia assassina e covarde.

Não, o Leblon é low profile e o que o incomoda é a presença do governador no bairro, como diz Cynthia Clark, autora do texto de um manifesto que pede a saída do governador:

— Tem muita gente com medo. A nossa rua tem muitos idosos e a nossa rotina tem sido alterada com a presença do governador. Temos de conviver com as patrulhas constantes, e os carros da polícia muitas vezes param em cima da calçada ou bloqueiam as garagens. Isso sem falar no custo para o contribuinte de todo esse aparato — afirma a psicóloga, de 60 anos.

Mas o abaixo-assinado não quer a saída do governador do estado, ou seja, que ele renuncie. Quer apenas que ele deixe seu triplex no Leblon (como será que ele que sempre foi apenas parlamentar, conseguiu grana para esse apê e para a mansão num condomínio de luxo em Angra?) e vá morar no Palácio. Isso é bem Leblon.

O texto foi divulgado antes da violência de ontem, e as palavras da senhora Clark foram proféticas:

“Tememos que as manifestações, até agora pacíficas, se tornem violentas e, caso haja confronto entre policiais e manifestantes ainda tenhamos que conviver com tiros, balas de borracha e gás lacrimogênio”
Que o resto da cidade sofra os efeitos de Cabral, pouco importa ao Leblon. Porque ao Leblon só interessa... o Leblon. Cabral se mudando para o Palácio, o Leblon fica satisfeito, como nas novelas de Manoel Carlos.

Mas, infelizmente para a senhora Clark e o Leblon, os manifestantes chegaram para ficar, e a polícia em geral é violenta, a do Cabral é mais, e ainda atua ilegalmente, com soldados sem identificação e mascarados. E soltam bombas e borrifam gás de pimenta.

Tranquilidade agora só nas telas com a próxima novela ambientada no bairro.

Para ler o manifesto e a reportagem completa, clique aqui.