Sobre 'O Mercado de Notícias', de Jorge Furtado



Sou fã de Jorge Furtado, desde Ilha das Flores. Acompanho seus filmes e seu trabalho na televisão. E também as postagens que faz em seu blog.

Com esse espírito, fui assistir a seu último filme, "O Mercado de Notícias", cheio de boas expectativas. Afinal, este blog trata do assunto desde que o inaugurei há nove anos.

Mas, se não cheguei a me decepcionar, saí um pouco frustrado. O filme promete mais do que entrega - ou eu é que fui esperando mais, por culpa do talento incrível que Jorge Furtado tem de misturar realidade e ficção, extraindo o máximo dos temas de seus trabalhos.

A cozinha dessa vez não alcançou o resultado esperado. Os ingredientes estavam ali, mas não houve a mágica que os transformasse num grande filme.

Os depoimentos dos jornalistas não trouxeram novidade alguma para quem acompanha a discussão do jornalismo praticado no Brasil. Tirando a declaração peremptória de Janio de Freitas de que o jornalismo de hoje é negócio e que o comercial manda no noticiário (ele não disse com essas palavras, mas o sentido é esse), o resto foi mais do mesmo.

Mas o filme tem dois grandes momentos, que fazem que valha a pena assisti-lo, ao menos por eles: a elucidação da farsa da bolinha de papel que atingiu Serra em 2010 e o caso do Picasso falso do INSS. Hilários, impagáveis, e um verdadeiro trabalho de reportagem com a qualidade e o humor característicos de Jorge Furtado.

Vá ver o filme, sem as expectativas exageradas que eu tinha quando fui assisti-lo. Vale a pena. Especialmente se você gosta do assunto, ou então, ao contrário, se você acha que o jornalismo de hoje é feito por bravos jornalistas e repórteres que vivem e distribuem notícia com  a intenção de informá-lo com "a verdade dos fatos". Neste último caso, você vai levar um susto. Leve-o.

"O Mercado de Notícias" tem um site onde podemos assistir aos depoimentos dos jornalistas na íntegra, além de encontrarmos outras informações sobre ele. Vale a visita.

Salve, Jorge.

E você, já viu o filme? O que achou?


OBS: Não dou links para a mídia corporativa porque eles também não nos linkam quando nos citam.

Madame Flaubert, de Antonio Mello