BRASIL SE INDIGNA COM TAPIOCA DE MINISTRO MAS SILENCIA SOBRE FETO EM SACO PLÁSTICO DO ITAÚ



Dizem que há coisas que só acontecem no Brasil. Entre elas a jabuticaba.

Mas há jabuticabas e jabuticabas... Porque o Brasil não é para amadores.

Tudo isso é clichê.

E a realidade nos bate na cara, quando vemos que há coisas que, sim, só poderiam ocorrer aqui.

O Brasil se escandalizou quando ficou sabendo que um ministro teria consumido uma modesta tapioca e a teria pago com cartão corporativo. Escândalo.

No entanto, o Ministério do Trabalho pede na Justiça uma multa de R$20 milhões ao Itaú e isso não é notícia.

O pior é o motivo da multa. E nem isso causa escândalo.

{...}uma empregada do Banco [Itaú] passou mal e teve um aborto espontâneo, como consta no depoimento de diversos funcionários. Mesmo ensanguentada, não pôde sair da agência até fechar a tesouraria, três horas depois do aborto, guardando nesse período, o feto em saco plástico. No outro dia, após ir ao médico, voltou à agência para transferir a tesouraria para outro funcionário, e teve seu direito legal de 30 dias de afastamento reduzido para apenas quatro.
Não, não é notícia de um site sensacionalista querendo audiência. É uma página do Ministério do Trabalho. É um processo real sobre um acontecimento numa agência de uma banco que teve lucro, só no primeiro semestre deste ano, de quase R$ 6 bilhões de reais.

Uma tapioca gera escândalo, mas uma funcionária do banco que mais lucra no Brasil ser obrigada a colocar o feto abortado num saco plástico e seguir trabalhando... aí, bem...

Quanta jabuticaba...

R$ 20 milhões é pouco. O Itaú deveria vir a público, em rede nacional e horário nobre, assumir seu erro, pedir desculpas, dizer que tal fato não condiz com suas práticas, que não vai voltar a acontecer, e quais medidas efetivas está tomando para acabar com o assédio moral a que submete seus funcionários.

O link do Ministério do Trabalho sobre o caso: http://www.prt10.mpt.gov.br/informe-se/noticias-do-mpt-df-to/411-banco-itau-e-processado-por-assedio-moral-apos-funcionaria-gravida-abortar-em-agencia


Madame Flaubert, de Antonio Mello