Procuradores e juízes jogaram a toga para o alto e querem bater com o martelo na cabeça dos deputados que aprovaram essa madrugada uma emenda do deputado Weverton Rocha (PDT-MA) ao projeto de lei com medidas contra a corrupção (PL 4850/16), prevendo casos de responsabilização de juízes e de membros do Ministério Público por crimes de abuso de autoridade. Entre os motivos listados está a atuação com motivação político-partidária.
Estão inconformados com a possibilidade de serem tratados como um brasileiro comum.
Imagina, quanto atrevimento! Como os deputados querem comparar um procurador, um juiz a qualquer um de nós, cidadãos brasileiros? Juiz é Deus. Ou não?
Quem não se lembra do caso da agente da Lei Seca aqui no Rio em 2011?
O juiz João Carlos de Souza Correa, do 18º Juizado Especial Criminal, zona oeste da capital do Estado, foi parado numa blitz da Lei Seca. A agente Lucian Silva Tamburini viu que o carro do excelentíssimo não tinha placa nem documentos, e o juiz, carteira de habilitação.
Quando foi fazer a autuação, a agente recebeu a carteirada divina e intimidadora: - Sabe com quem está falando? Eu sou juiz!
A agente disse “que pouco importava ser juiz; que ela cumpria ordens e que ele é só juiz não é Deus”. O magistrado deu voz de prisão à agente por desacato.
A agente entrou com ação contra o juiz, mas o tiro saiu pela culatra e ela foi condenada a indenizar o juiz em R$ 5 mil "por tratá-lo de forma irônica" (segundo a sentença) ao dizer que ele não era Deus. [Fonte: JusBrasil].
A mesma fúria intimidatória se lança agora contra os deputados porque querem descê-los do Olimpo para o mundo dos cidadãos.
Fico imaginando o que vai vir por aí de ipso factu, ab incunabulis (no seu!), ab ovo (ai!), animus furandi (pra lá), argumentum baculinum (dos meus), non bis in idem (Bin Laden?), modus in rebus (epa! No seu!).
Prefiro consultar um juiz especialista, mundialmente conhecido:
- Juiz querer ser Deus, pode isso, Arnaldo?