Durante 40 anos ninguém ligou para aquele terreno. Estava parado à espera de valorização. Era usado apenas para desovar lixo e corpos de pobres, o que para alguns é a mesma coisa .
Até que há dois anos foi ocupado por famílias sem teto. Passou a ser conhecido como Ocupação do Jardim Colonial ou Ocupação Colonial. 700 famílias moravam ali. Muitas crianças, deficientes físicos, idosos.
Ontem, a PM de Alckmin, cumprindo ordens da Justiça que se preocupa apenas com seus salários, mandou despejar (essa a palavra) toda essa gente, como se despeja o lixo na lixeira.
Agora, ficamos assim: 700 famílias, quase três mil pessoas, sem terem onde morar. E um terreno arrasado e vazio.
Mas falta um braço nessa notícia: quem é o proprietário do terreno? Ele tem que responder por que nunca o ocupou. Tem que responder o que pretende fazer com ele agora.
Tem que vasculhar a vida dele. E a história da propriedade desse terreno, sucessivamente.
Vamos descobrir que esse era um terreno vazio, em que um dia alguém chegou e disse é meu, Cercou, registrou em cartório, e passou a ser.
Continuou vazio e esse "dono" o vendeu a outro, que o manteve vazio também, e ele vazio ficou até que foi ocupado por gente que precisava de um lugar vazio para construir sua moradia.
E durante dois anos esse terreno teve vida por sobre ele e não lixo e corpos desovados.
Agora o terreno voltou à sua origem, vazio.
Feita Justiça?