O ex-deputado Eduardo Cunha pode ser tudo, menos burro. Pelo que se sabe agora, ele recebeu uma bolada da Odebrecht para comprar o apoio de 140 deputados que lhe dariam a presidência da Câmara a fim de trabalhar para o golpe. Tudo ocorreu como planejado.
Se tudo funcionou tão azeitadinho assim, por que Cunha mandaria seu emissário, o doleiro Lúcio Funaro, entregar um pacote (provavelmente de dinheiro) no escritório do amigo de Temer, Yunes, para que este o entregasse a Temer (ou a alguém ligado a Temer - provavelmente Padilha), já que os três, Funaro, Yunes e Temer moram em São Paulo?
A resposta me parece evidente: Cunha usou Yunes, amigo de Temer há 50 anos, para "selar seu pacto" com o golpista. Se a conversa e a troca de dinheiro ficasse apenas entre os dois, Cunha e Temer, seria a palavra de um contra a do outro. Com Yunes no meio, Cunha tem Temer em suas mãos.
Esperto, Cunha pensou: se Temer tem coragem de dar o golpe na própria presidenta (que foi o que eles acordaram lá atrás quando da compra da eleição de 140 deputados) por que não daria um nele, Cunha, depois?
Dito e feito. Para o bem e para o mal, Temer é Cunha e Cunha é Temer.