Por 3 votos a favor e dois contra, o ex-deputado José Dirceu, condenado na Lava Jato, vai poder aguardar em liberdade seu julgamento em segunda instância, conforme determina a Constituição. Os ministros Celso de Mello e Edson Fachin votaram contra. Toffoli, Lewandowski e Gilmar Mendes (que deu o voto de desempate) a favor.
Mas o curioso foi a forma que a Folha escolheu para dar a notícia da liberdade de Dirceu. Além de ilustrar a notícia com uma imagem sorridente e matreira de Dirceu, com uma cara do tipo "me dei bem", foi ouvir um advogado que nada tinha a ver com a soltura ou prisão de Dirceu, mas tem clientes encrencados na Lava Jato.
Advogado pioneiro em delações premiadas no Brasil, Antonio Figueiredo Basto afirmou nesta terça (2) que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de soltar o ex-ministro José Dirceu não deve ser questionada, mas é surpreendente."Eu penso que não se discute decisão do Supremo, mas surpreende"."Diante da posição que ele [Dirceu] ocupava dentro da Lava Jato, é surpreendente. Há prova contundente de que ele continuou recebendo [recursos indevidos] mesmo preso."Figueiredo Basto diz que, apesar da decisão, "não muda nada" em relação ao trabalho de delação com seus clientes."Vamos continuar nas colaborações. É fundamental que continuem ocorrendo. As pessoas de bem têm que continuar trabalhando", disse.
As pessoas de bem que têm que continuar trabalhando suponho que sejam ele e seus clientes: o doleiro Alberto Youssef e o ex-senador Delcídio do Amaral...