Água do volume morto gerou eleição de Doria. Só pode. Há 30 anos ele propôs que miséria no NE virasse atração turística
As ideias de jerico do prefeito João Trabalhador Doria não vêm de hoje. Não foi assim da noite para o dia que Doria teve a ideia de oferecer uma ração tipo aquelas de cachorro para alimentar os pobres, ou pintar São Paulo de cinza para enfeiá-la ainda mais. De aumentar a velocidade nas marginais para com isso aumentar também o número de mortes, acidentes, atropelamentos. Terminar com a desgraça do crack acabando com a cracolândia, como o corno quem vende o sofá.
Não, a jeriquice em Doria é uma tradição de pelo menos 30 anos, nos informa o jornal O Globo, em reportagem recapturada pela Carta Capital ["Dória Jr. propõe que a seca vire atração turística" - imagem].
Em junho de 1987, em palestra no Ceará, Doria, à época presidente da Embratur, teve a ideia de levar o turismo da miséria para as regiões assoladas pela seca.
Segundo ele, os projetos de irrigação não davam certo. Logo, que tal aproveitar e trazer o pessoal do sul maravilha para conhecer a desgraça alheia?
- Senhoras e senhores, essa aí é a família Silva. Há três semanas comem só água de feijão coado. Proteína foi um calango, há uma semana... Pros 25. Quantos morreram, dona Maria?
- Oito. E o menorzinho aqui num tá nada bem...
- Será que morre por agora? Podemos esperar um pouquinho pra acompanhar... Mas, atenção, cuidado, não alimente os flagelados, não podemos interferir na cultura...
Os nordestinos parece que não gostaram muito da ideia de Doria, segundo outra reportagem do mesmo jornal, que reproduzo a seguir.
E esse "gênio" do empreendedorismo 30 anos depois foi eleito prefeito da principal cidade do país, no primeiro turno. Só pode ter sido aquela água do volume morto...
Leia a reportagem completa sobre o turismo da miséria na CartaCapital.
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