Mistério: Todos os envolvidos no escândalo Bolsonaro-Queiroz sumiram, abandonaram suas casas e estão desaparecidos

Pessoas com rostos substituídos por laranjas

Reportagem da Veja andou atrás de funcionários de Flávio Bolsanaro, que depositaram dinheiro na conta de Fabrício Queiroz, o ex-motorista e amigão dos Bolsonaro, que de repente descobriu um câncer, foi operado e sumiu.

A reportagem conta que o mesmo aconteceu com todos os envolvidos no escândalo. Todos abandonaram suas casas, como que obedecendo a um comando superior.

Nos últimos dois meses, VEJA visitou catorze endereços atrás das testemunhas que podem inocentar — ou não — Flávio Bolsonaro. A vizinhança de Wellington Sérvulo Romano da Silva, que repassou 1 500 reais para a conta do ex-motorista, diz que depois do escândalo não o viu mais circulando pelo prédio. Seu apartamento, na Zona Oeste, está vazio e trancado desde então. Alguns moradores especulam até que o funcionário do gabinete tenha se mudado para o exterior. Luiza Souza Paes, que repassou 3 542 reais, também sumiu. Sua casa, num subúrbio na Zona Norte do Rio, parece abandonada. Há encartes de supermercados amontoados na porta e ninguém atende o telefone ou a campainha. De Jorge Luís de Souza, que repassou 3 140 reais e mora numa favela da Zona Norte, o máximo que se pode observar é a presença de um Celta preto estacionado nas imediações da casa. Nada mais.

Agostinho Moraes da Silva foi o funcionário que menos depositou dinheiro na conta do ex-motorista, segundo o relatório do Coaf — apenas 800 reais. Procurado quatro vezes em sua residência, na Zona Sul do Rio, e na casa de uma irmã, ele é mais um que desapareceu. Na quarta-feira 6, um vizinho relatou que faz semanas que não vê o ex-servidor. O carro de Agostinho Moraes da Silva permanece estacionado em frente ao seu prédio, mas ninguém tem pista sobre seu paradeiro. Familiares dizem que ele está sem celular, incomunicável. “Agostinho é subsíndico do prédio. A gente não consegue falar com ele nem para resolver os problemas do dia a dia”, reclama um morador.

A própria família de Fabrício Queiroz, o pivô do escândalo, também mergulhou em discrição absoluta. Na residência do ex-motorista, na Zona Oeste do Rio, as janelas estão trancadas. A casa fica num beco estreito, coberto por fios elétricos. Os vizinhos afirmam que ninguém aparece por lá há meses. “Quando a cara dele surgiu na TV, ele sumiu daqui”, conta um morador, que, como a maioria dos entrevistados para esta reportagem, pede para não ser identificado. Márcia Oliveira Aguiar, a mulher de Queiroz, que lhe repassou 18 864 reais, e a filha Nathália, que transferiu 84 110 reais ao pai, também não estão localizáveis. A família, segundo o advogado Paulo Klein, está passando uma temporada em São Paulo desde o fim do ano passado, quando o ex-motorista foi submetido a uma cirurgia para extração de um tumor do intestino. Até onde se sabe, Queiroz continua na capital paulista fazendo acompanhamento médico, mas em local incerto.

E a Polícia Federal de Moro? E o Ministério Público? Até quando o caso das movimentações financeiras do ex-motorista de Bolsonaro, seus funcionários e as do próprio Bolsonaro ficarão sem explicação?



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