Roberto Marinho: 'O importante não é o que o Globo publica, mas o que não publica'. Por isso, JN não deu entrevista de Lula
A frase de Roberto Marinho, fundador do império Globo, deve ter sido levantada por Ali Kamel, quando ficou decidido que o Jornal Nacional, o principal e mais visto telejornal do Brasil, não daria uma notinha sequer sobre histórica entrevista do ex-presidente Lula ontem na masmorra de Curitiba.
Lula estava há um ano sem poder dar entrevistas e foi o principal assunto do ano, nas redes e em todas as demais emissoras de TV, menos no Jornal Nacional, que o ignorou solenemente, como, aliás, o fizeram os Bolsonaro, tão ativos nas redes, mas que não se atreveram a comentar o fato.
A força de Lula paralisa o golpe e o deixa atônito, ao mesmo tempo em que desnuda o compromisso que a Globo diz ter com a notícia. Desmoraliza também aquele famoso "outro ladismo", que faz os apresentadores da Globo ficarem repetindo chavões de advogados de acusados sobre acusações feitas no telejornal.
O Jornal Nacional não deixa de dar qualquer acusação que um delator faça sobre Lula. Mas se recusa a dar a palavra ao ex-presidente para se defender, para narrar como são suas memórias do cárcere, sua visão sobre o Brasil de hoje e planos para o futuro.
Quer a Globo queira, quer não, Lula é a maior liderança política do Brasil e estará nos livros de História, quando a Globo for apenas memória de uma época de um país injusto e que a enchia de privilégios.
Pensando bem, talvez o silêncio conjunto da Globo e dos Bolsonaro não seja simples coincidência, mas um acordo para que as verbas publicitárias do governo voltem a irrigar a emissora e o Grupo Globo.
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