A uma semana da eleição, Moro jogou para ajudar oposição e prejudicar PT
Nova reportagem do Intercept, desta vez em parceria com a Folha, sobre as mensagens dos bastidores da Lava Jato mostra que o ex-juiz (e, breve, ex-ministro) Sergio Moro usou a Lava Jato para prejudicar a campanha do PT, divulgando um depoimento do ex-ministro Palocci, que considerava (e os procuradores da Lava Jato também) fraco.
No depoimento, Palocci acusava Lula, Dilma e o PT de receberem dinheiro por fora da Odebrecht, tudo sem uma única prova, ou, como chegou a dizer o procurador de deus Dallagnol, numa das mensagens reveladas, "Deve ter mta notícia do goolge (sic) lá rs".
Os diálogos, obtidos pelo The Intercept Brasil e analisados pela Folha junto com o site, indicam que Moro tinha dúvidas sobre as provas apresentadas por Palocci.A influência sobre as eleições foi reforçada por intensa canpanha da mídia corporativa, como também destaca a reportagem.
"Russo comentou que embora seja difícil provar ele é o único que quebrou a omerta petista", disse o procurador Paulo Roberto Galvão a seus colegas num grupo de mensagens do aplicativo Telegram em 25 de setembro, tratando Moro pelo apelido que eles usavam e associando os petistas à Omertà, o código de honra dos mafiosos italianos.
Outros membros do grupo também expressaram ceticismo. "Não só é difícil provar, como é impossível extrair algo da delação dele", afirmou a procuradora Laura Tessler. "O melhor é que [Palocci] fala até daquilo que ele acha que pode ser que talvez seja", acrescentou Antônio Carlos Welter. [Folha]
No dia 1º, o assunto ocupou quase nove minutos do Jornal Nacional, da TV Globo. A reportagem citou duas vezes a ligação do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli com a campanha do então candidato presidencial do PT, Fernando Haddad, que aparecia em segundo lugar na corrida eleitoral, bem atrás do favorito, Jair Bolsonaro (PSL).Um mês depois do uso político da delação, Moro foi anunciado como novo ministro da Justiça de Bolsonaro, com a primeira vaga no STF prometida, conforme confessou Bolsonaro descaradamente.
Nos dias seguintes, a delação de Palocci foi noticiada com destaque pela Folha e por outros jornais e ganhou visibilidade na propaganda eleitoral no rádio e na televisão.
Os dois últimos programas da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) mencionaram as acusações do ex-ministro, dizendo que ele havia mostrado por que era preciso impedir a volta do PT ao poder.
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