Ex-ministro e uma das principais lideranças do PT, José Dirceu escreve artigo em que defende a união das forças democráticas para conseguir o impeachment de Bolsonaro.
Como sempre, quando a publicação é de um site que admiro, ou ao menos respeito, publico parte do artigo de Dirceu aqui. A íntegra está neste link, no Nocaute.
Não podemos confundir direitos civis e políticos com direitos sociais. Sem liberdade, não teremos como recuperar os direitos sociais e ampliá-los. O voto é a arma do povo brasileiro, que não detém o poder econômico, militar, judicial ou de informação. Para fazer o impeachment de Bolsonaro, temos que construir uma ampla frente democrática e, dentro dela, criar uma saída à esquerda para a crise brasileira e para a reconstrução de nosso país.
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Aprendi desde menino na luta contra a ditadura que os inimigos de meus inimigos são meus amigos, companheiros ou companheiras de viagem como se dizia, cada um com destino a uma estação, mas todos preservando o meio para o fim, a democracia.
Nosso povo e nosso Brasil já têm excesso de violência, pobreza, desigualdade e miséria, discriminação, preconceito, racismo, machismo e homofobia para que acrescentemos à violência Estatal uma ditadura de caráter neofascista e militar, um governo familiar de milicianos e defensores não apenas da tortura e assassinato político, mas do fundamentalismo religioso e do obscurantismo, de negação da ciência e da liberdade.
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Assim, as forças políticas e sociais de esquerda ou de centro-esquerda que são alternativas reais de governo — basta ver o resultado da eleição de 2018, onde os três candidatos à esquerda Haddad, Ciro e Marina, tiveram quase 43% — deveriam ser as maiores interessadas em uma Frente Democrática. E deveriam ser em qualquer ponto de vista, particularmente dos direitos sociais e da urgente necessidade de deter o desmonte do Estado Nacional e de Bem Estar Social e a marcha insensata das chamadas reformas de Guedes e o risco real que Bolsonaro representa. As derrotas de Macri e Macron deviam nos servir de lição.
Não se trata de se submeter ou se atrelar aos interesses e objetivo eleitorais deste o daquele partido ou setor social que se opõe a Bolsonaro. Mas, sim, de construir uma Frente Democrática pelo impeachment e na luta e na unidade avançar para um programa mínimo mais amplo como foi o das Diretas que desaguou na Constituinte de 1988. Conforme a radicalidade e amplitude da luta contra Bolsonaro, teremos um ou outro resultado. As ruas, as mobilizações e a entrada das classes trabalhadoras na luta – as classes médias só aguardam o fim da pandemia para sair às ruas — ditarão o rumo e o conteúdo das mudanças pós Bolsonaro.
Nossa tarefa é mobilizar e organizar as classes trabalhadoras, até porque os mais pobres, explorados, discriminados já estão nas ruas. A greve geral dos trabalhadores de aplicativos marcada para 1o de julho é um exemplo. A experiência recente prova que as classes médias conservadoras ou progressistas têm grande poder de mobilização até porque recebem um tratamento especial dos meios de comunicação.
Se a direita liberal ou conservadora não quer fazer o impeachment de Bolsonaro, cabe a nós, das esquerdas, fazê-lo, disputando as classes trabalhadores e base social democrática dessas forças. Isso exige formar uma ampla frente democrática pelo impeachment e, dentro dela, construir uma saída à esquerda para a crise brasileira e para a reconstrução de nosso país.
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