Domingo com Poesia. 'Liberdade', de Carlos Marighella

Marighela

Segundo Mário Magalhães em sua imperdível biografia de Marighella, o jornal carioca Última Hora publicou um poema de Carlos Marighella no auge da repressão, enquanto o guerrilheiro era caçado pela ditadura, com fina ironia:
A Última Hora constatou, na espirituosa nota “Na moda, na poesia”: “E como a moda é Marighella, vai aí seu poema ‘Liberdade’, sem o pagamento de direitos autorais, que o poeta não foi encontrado para tanto”.

Reproduzo neste domingo o poema de amor de Marighella à liberdade.
Liberdade
(1939, no Presídio Especial, SP)


Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.


Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
 

E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.




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