Vitória de Assange mas derrota do jornalismo independente: Juíza nega extradição de Assange, mas acata alegações dos EUA


A juíza Vanessa Baraitser negou esta manhã em Londres a extradição do líder do WikiLeaks Julian Assange aos Estados Unidos. No entanto Baraitser acolheu todos os argumentos da acusação e só não concordou com a extradição de Assange dado ao alto riso de que ele se suicidasse na prisão de altíssima segurança dos EUA.
 
A defesa de Assange vai apresentar na próxima quarta seus argumentos finais para pedir a imediata liberdade de seu cliente, o que pode ser concedido já na própria quarta, provavelmente sob fiança e garantia de que não fugirá da Inglaterra.
 
Por outro lado, a promotoria dos EUA já disse que vai recorrer da decisão e pede que Assange continue preso até o final do processo.
 
A negativa do pedido de extradição foi uma vitória pessoal de Assange e de todos os que manifestaram solidariedade à sua causa pelo mundo e exigiram sua liberdade.
 
No entanto, foi uma derrota fragorosa para o jornalismo independente e a liberdade de imprensa, pois a juíza Vanessa Baraitser acolheu todas as reivindicações dos EUA, a principal delas a de que liberdade de imprensa vale apenas para jornalistas, e jornalista é todo aquele que trabalha para os jornalões e não quem faz jornalismo.
 
Por esses critérios, Julian Assange não é jornalista. Assim como não é jornalista Glenn Greenwald, que é advogado, mas tem um Pulitzer de Jornalismo, o mais prestigiado prêmio da categoria.
 
Para piorar a situação, uma das acusações vitoriosas contra Assange (a de divulgar documentos secretos) foi na verdade praticada por um jornalista do The Guardian, David Leigh, que publicou em um livro que escreveu sobre o WikiLeaks a senha que levava ao arquivo secreto e abria os documentos na íntegra.
 
Com a publicação da senha, o WikiLeaks se viu forçado a abrir de vez os documentos, com receio de que eles fossem aprisionados por governos interessados em censurar seu conteúdo.
 
Se não houvesse perigo de suicídio, Assange seria extraditado e o recado portanto segue válido: O governo dos EUA e do Reino Unido advertem que, se você não é um jornalista oficial, pode pegar uma cadeia eterna nas terras do Tio Sam, caso publique algo que contrarie os interesses dos Estados Unidos, como denunciar seus crimes de guerra, por exemplo.
 
Denunciar crimes de guerra, seja você jornalista ou não, não é nem pode ser crime. Crime é cometê-los.



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