Recomeça hoje o julgamento do pedido de extradição de Julian Assange aos Estados Unidos. Se for extraditado, Assange pode ser condenado a 175 anos de prisão e apodrecer numa prisão de segurança máxima dos EUA por ter revelado ao mundo os crimes de guerra cometidos por aquele país e aliados.
O julgamento de hoje vai tratar da apelação dos Estados Unidos contra a sentença da Juíza Vanessa Baraitser que determinou a não extradição do líder do Wikileaks.
A promotoria dos EUA alega que o médico que deu o laudo de que Assange poderia muito provavelmente se suicidar na prisão omitiu o fato de Assange ser pai de dois filhos de sua noiva Stella Moris.
Em favor de Assange há dois fatos novos, surgidos depois do julgamento da juíza Vanessa Baraitser em janeiro deste ano: a informação da principal testemunha apresentada pelos Estados Unidos de que seu depoimento era falso e foi forçado pelo FBI (como as delações premiadas da Lava Jato aqui no Brasil). O outro, a informação publicada em setembro no Yahoo de que a CIA teria realizado planejamento para sequestrar e até assassinar Assange.
A testemunha dos EUA é o islandês Sigurdur Thordarson, que declarou que mentiu em seu depoimento,
pressionado e acobertado pelo FBI. Ele está preso agora em seu país,
Islândia. É "um hacker pedófilo condenado por abusar sexualmente de nove
crianças, tendo sido absolvido de cinco outros casos por falta de
provas". Ponto importantíssimo em favor de Assange, já que Thordarson foi a única testemunha contra Assange.
Outro ponto em favor de Assange foi a reportagem de Zach
Dorfman, Sean D. Naylor e Michael Isikoff publicada no Yahoo News que revelou que a
CIA tinha planos e estudos para sequestrar e até assassinar o líder do
WikiLeaks. A reportagem publicada no Yahoo
é extensa e vale a conferida [em inglês]. Mas, de prático, o que se vê é
que os Estados Unidos acabaram por optar usar contra Assange o mesmo
que fizeram com Lula e o PT no Brasil: ação judicial. Sequestro e
assassinato jurídico.
O
ano foi 2017, quando Assange já estava havia cinco anos asilado na
embaixada do Equador e ilegalmente era espionado por câmeras e
captadores de áudio infiltrados pelo governo dos Estados Unidos.
A
ideia do sequestro e até do assassinato surgiu em função de novos
pacotes de dados revelados pelo WikiLeaks, que atingiam o coração de
operações de hackers da CIA, conhecidas coletivamente como "Vault 7".
Com os novos fatos, a liberdade de Assange deveria ser o resultado final do julgamento que recomeça hoje. Mas, aí, muito provavelmente os Estados Unidos vão apelar à Suprema Corte britânica e o calvário de Julian Assange vai prosseguir, pois nem permitir que ele responda em liberdade permitem.
Como já escrevi aqui, na prática Assange está sequestrado pelo governo dos EUA na
prisão do Reino Unido em que se encontra, numa solitária e quase
incomunicável. Para que sirva de lição aos jornalistas de todo o mundo de que não se pode divulgar crimes dos Estados Unidos.
Por isso é fundamental que todos lutemos pela liberdade imediata de Assange e sua não extradição aos Estados Unidos.
#FreeAssange
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