Em editorial, principal jornal espanhol critica prisão e pedido de extradição de Assange e vê ameaça à liberdade de imprensa por EUA e UK
Num firme editorial, publicado terça-feira, o diário espanhol El País botou foco no que realmente está em jogo no caso da extradição de Julian Assange para os Estados Unidos: a criminalização do jornalismo que denuncia crimes que o Estado acoberta.
A seguir, trechos do editorial, que pode ser lido na íntegra aqui, em espanhol. Os grifos são meus.
Julian Assange não é um jornalista qualquer. A aprovação pelo governo britânico de sua extradição para os Estados Unidos, acusado de 18 crimes, incluindo um de espionagem, transcende o caso particular do fundador do WikiLeaks e é um alerta preocupante para a prática do jornalismo nas democracias ocidentais.
Washington persegue judicialmente Assange pela divulgação do WikiLeaks de informações confidenciais, registros militares e telegramas diplomáticos que considera que colocaram vidas em perigo. Mas a Procuradoria dos Estados Unidos não conseguiu apresentar um único caso em que os documentos da organização de Assange —que foram exaustivamente verificados e publicados, entre outros meios, pelo EL PAÍS, The New York Times, The Guardian , Le Monde ou Der Spiegel— continham informações que poderiam pôr em perigo a vida de alguém.
O que alcançou a opinião pública mundial graças às informações obtidas e fornecidas pelo WikiLeaks são provas de mentiras, distorções da verdade e abusos contra a população civil nas guerras do Afeganistão e do Iraque . Também importantes pressões da administração norte-americana sobre diferentes governos. Trata-se de uma informação legítima e necessária que foi ocultada injustificadamente distorcendo o alcance do conceito de segredo de Estado. O poder se defende contra a divulgação do que quer esconder: isso é tudo.
(...) Nada disso pode interferir no direito da mídia de divulgar informações verdadeiras —e de maneira responsável, como foi feito— e do público de conhecê-la: a força das democracias depende da solvência e da força de seus meios de comunicação, e a ousadia de trazer à luz precisamente o que o poder quer manter oculto. Foi o que aconteceu com os documentos do WikiLeaks .
O direito à informação é protegido por todos os sistemas constitucionais democráticos. Perseguir uma figura emblemática cuja tarefa era facilitar o acesso do público a informações relevantes não é apenas uma punição individual; contém uma ameaça velada contra profissionais dispostos a fazê-lo novamente.
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