Ex-mulher de Lira, que o acusa de agressão, comemora possível perda de seu mandato por corrupção: 'Não dá para acreditar!'
Em seu perfil no Twitter, Jullyene Lins, que foi casada com o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, comemorou com ironia a decisão do ministro Toffoli de botar para julgamento um processo de corrupção que envolve o deputado, num caso de R$106 mil reais, encontrados com um seu assessor. O placar já está 3 a 0 contra Lyra, que pode perder o mandato, caso seja condenado.
"Não dá para acreditar! Arthur Lira pode perder o mandato por 106 mil, parece que os 300 milhões desviados da assembleia na operação taturana não foram suficientes! Que absurdo é esse Brasil!"
Os R$300 milhões a que se refere são da Operação Taturana, um escândalo de rachadinha na Assembleia de Alagoas, que levou a duas condenações de Lira, inclusive em segunda instância. Lira conseguiu concorrer nas duas últimas eleições graças a liminares.
Jullyene faz outras acusações contra Lira, inclusive de agressões físicas e alienação parental dos dois filhos que tem com ele.
“Me agrediu, me desferiu murro, soco, pontapé, me esganou”, disse. “Ele me disse que onde não há corpo, não há crime, que 'eu posso fazer qualquer coisa com você'”, afirmou. “Aquilo era o machismo puro, o sentimento de posse."
Ela afirmou ainda ter sido usada como laranja. “Ele abriu uma empresa com meu nome e até hoje não tenho vida fiscal.”
Na época, 2006, Jullyene denunciou as agressões na delegacia. Mas depois voltou atrás:
Ele foi à minha casa, quando abri a porta, me agrediu, me desferiu murro, soco, pontapé, me esganou. A minha sorte foi a babá do mais velho, que ouviu meus gritos e ligou para a minha mãe, que apareceu lá, mas eu estava desfalecendo já. Muito apanhada. Ele me chutou no chão, mas não queria falar disso porque dói tanto lembrar.
A situação toda durou 40 minutos. Ele parava, me xingava, me chamava de vagabunda e de outros nomes horríveis. Aquilo era o machismo puro, o sentimento de posse, que acho que tem até hoje. Tudo tem que estar no domínio dele, no comando dele, a arrogância e a prepotência. Ele é assim.
[Mudei o depoimento] Porque fui ameaçada, coagida. Se depusesse dizendo o que tinha acontecido, ele ia tirar os meninos de mim. Ele foi muito claro.
Pergunta: A senhora também testemunhou em processos de corrupção envolvendo Lira, como o da Taturana, que mirou em esquemas de desvios na Assembleia Legislativa de Alagoas quando ele era deputado estadual. O que disse?
Que eu via os malotes de dinheiro chegando, via tudo. As reuniões, tudo que rolava, mas ele mandava eu sair. Ele dizia que o dinheiro vinha de venda de fazendas, gados, ou que era para ele comprar fazenda, que tinha recebido dinheiro de fulano. Às vezes ele me mandava contar para ver se estava certo.Pergunta: A senhora também já afirmou que foi usada como laranja por Lira. Como foi isso?
Fui usada como laranja por ele. Foi uma empresa que ele me colocou como laranja junto com a esposa de outro deputado na época. Depois disso, eu não tenho mais vida fiscal, tributária. Respondo a causas trabalhistas, não posso ter conta em banco, nada.Pergunta: E o esquema na Assembleia, como foi?
Foi um esquema que a gente recebia, como várias pessoas, e ninguém ia trabalhar. Ele que me colocou lá, era o primeiro secretário. Eu estava lotada no gabinete dele e já era casada com ele. Ele tirou empréstimos inclusive usando nomes de outras pessoas, como o meu, usando como pagamento o meu salário. [Fonte: Constança Rezende, Folha]
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