Em 14 de julho (dia da Queda da Bastilha) no Aeroporto de Roma, o ministro do STF Alexandre de Moraes teria sido agredido por uma família, tendo seu filho Alexandre Barci de Moraes recebido um tapa no rosto. Moraes disse que foi xingado de "bandido, comunista e comprado".
Foi um verdadeiro auê, declarações do ministro da Justiça Flavio Dino, deputados, senador, até o presidente da Câmara Arthur Lira, ministros do Supremo, todos condenando as agressões verbais e física.
Os agressores negam tudo. Roberto Mantovani Filho, sua mulher Andrea Muranão e o genro Alex Zanatta dizem que nem houve tapa nem xingamento.
Somente agora, três meses depois, chegou um relatório da polícia italiana. O tapa foi apenas um toque que teria "impactado levemente os óculos de Alexandre Barci de Moraes”.
Provavelmente já informado do relatório da polícia italiana, o ministro Alexandre de Moraes resolveu entrar em campo e virar formalmente assistente de acusação no processo que investiga as relatadas agressões. O ministro Dias Tofolli, relator do caso, autorizou a entrada em campo de Xandão.
Não estará havendo um escarcéu sem motivo? Xingamento de autoridades públicas faz parte da democracia. Se o sujeito não quer se submeter à opinião pública que faça serviços internos, como burocrata.
Não é por Alexandre de Moraes ter tido, e ainda estar tendo, um papel fundamental na defesa de nossa democracia que ele deva ficar imune a críticas dos que se julgam atingidos por ele e suas decisões.
O que não vale é agressão física — o que segundo a polícia italiana não houve. Teria sido no máximo um empurra-empurra.
Mas agora com a entrada em campo do ministro como assistente de acusação o caso está ganhando uma dimensão ainda maior. Pelo visto, não é pra tanto.
Ministro, continue fazendo seu excelente trabalho, mandando toda a turma golpista para a Papuda e deixe esse caso pra lá, pois só pode lhe trazer desgaste. Afinal de contas, se as imagens do aeroporto tivessem mostrado o tapa, a polícia italiana não faria o relatório que fez. Portanto, se houve o tapa ele não foi registrado, vai ficar o dito pelo não dito — a não ser que haja uma carteirada. Isso não seria fazer Justiça, não é, ministro?
Lembre-se de que foi também para isso, que todos sejam iguais diante da Lei, que houve a Queda da Bastilha num outro 14 de julho